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* Andrezza Rodrigues é fundadora da HerMoney

Quando analisamos o ecossistema de inovação percebemos que as duas pontas que ancoram o mercado das startups têm uma nítida discrepância entre a quantidade de informação disponível para quem tem o capital e quer investi-lo e a quase inexistência de material de apoio para os fundadores.

A pesquisa pública acessível no Google, por exemplo, disponibiliza playbooks, vídeos e cursos com dicas preciosas e o passo a passo que auxiliam o investidor a ter mais informações para embasar a sua decisão na escolha do melhor investimento. O mesmo não acontece do lado dos fundadores que contam apenas com seu próprio feeling quando chega o momento de analisar o investidor certo para que seu negócio avance e alcance o valuation dos sonhados unicórnios.

Para que o ecossistema de inovação se desenvolva é preciso equilibrar os dois lados com informação adequada a esse mercado. É fundamental que fundadores e investidores possam contar, da mesma forma, com recursos e materiais que os preparem para a desafiadora jornada que eles têm pela frente.

É claro que profissionalizar e desenvolver o mercado investidor é excelente, principalmente quando há um propósito além da técnica do valuation, como investir em negócios de diversidade e impacto social. Mas se, hoje, nos preocuparmos em estruturar apenas um lado do jogo, não avançaremos para um mercado mais equalitário e apto a investir em real inovação.

Por isso é tão urgente e importante que nos estruturemos para atender também o lado do capital criativo, suprindo os fundadores com a mesma quantidade e qualidade de material que hoje já está disponível para os investidores. Obter ajuda para encontrar o investidor certo para um negócio não é um mero detalhe. Muito pelo contrário! Aí pode estar a diferença entre converter o dinheiro aplicado em combustível para acelerar a empresa ou em gasolina para queimá-la.

Contar com uma rede de apoio também ajuda

Além de encontrar material didático disponível na internet para tornar o ecossistema de inovação mais equilibrado, é preciso ter acesso a outros fundadores que já passaram pelo processo de criação e desenvolvimento de seus próprios negócios. Assim como há uma rede de investidores se estruturando para trocar experiências e ajudar seus pares a ingressar e ser bem sucedidos desse lado do mercado, por que não trabalhar a outra ponta, formando uma rede sólida de apoio focada nos founders?

Tanto nos playbooks, vídeos e cursos quanto no contato mais direto com seus pares é fundamental que os fundadores sejam treinados não apenas para saber executar um bom plano, mas para que saibam onde e o que buscar para o desenvolvimento das suas startups.

Eles precisam ter em mente, ainda, que é necessário desenvolver habilidades de C-Level: talvez isso possa ser adiado até que eles concluam o MVP (Produto Mínimo Viável), mas, sem dúvida, para que suas decisões realmente façam esse trabalho de estruturação da empresa, há muito a fazer além de executar.

Delegar essas operações de ponta e aprender a gerenciar os resultados é uma das habilidades que os fundadores terão que desenvolver para ver seus negócios crescerem. E isso vai fundamentar os passos até para escolher o investidor certo para suas startups.

Olhar além do anjo e do venture capital

Outro ponto importante e pouco falado em nosso ecossistema é que existem várias fontes de funding disponíveis, cada uma tem seu bônus e ônus. Se o founder vai escolher o investidor-anjo não é só pelo dinheiro, não pode ser só pelo dinheiro!

Nesse processo é importante também que ele olhe além do óbvio – investidores-anjo e venture capital – e pesquise sobre os principais fundings: auxílio prototipação, crowdfunding, premiações de competições, editais de incentivo de corporates etc. Uma boa dica pode ser acessar o portal da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, que disponibiliza um guia que apresenta um mapa das ofertas de funding, com o objetivo de potencializar o ecossistema de inovação.

Estas são apenas algumas dicas que os founders deveriam encontrar – mas dificilmente encontram – estruturadas nos playbooks , vídeos e cursos online. Quanto mais rápido o mercado se atentar para isso e passar a olhar também o lado de quem desenvolve a ideia, maior será o crescimento do nosso ecossistema de inovação. E mais cedo investidores e founders colherão os frutos desse desenvolvimento mútuo.

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