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*Julia De Luca é especialista de tecnologia & equity sales no Itaú BBA

Me lembro como se fosse ontem o primeiro dia que entrei em contato com o mundo de criptomoedas. Foi em junho de 2017, no meu primeiro dia na Stone Pagamentos, quando vi um desenvolvedor sentado embaixo da mesa, cobrindo sua cabeça com um casaco para que ninguém visse ele digitando sua chave privada. Na hora não entendi nada, mas foi ali que eu despertei para esse mundo e comprei meu primeiro Bitcoin.

Muita coisa já rolou desde que “Satoshi Nakamoto” (que até hoje não sabemos ao certo quem é) criou o bitcoin em 2008, mas fato é que atualmente as criptomoedas são uma realidade. Vale mencionar que “crypto” é um fenômeno maior do que moedas – isso é apenas um caso de uso. O blockchain já vem sendo aproveitado por diversos setores e cada vez mais o mercado financeiro está reconhecendo seu valor, aceitando e muitas vezes recomendando a compra desses ativos nas suas mais diversas formas.

As coisas aqui no Brasil demoraram bem mais para se desenvolver, mas estamos chegando lá. Traçando um paralelo com o ecossistema de tecnologia como um todo, estamos também em cripto seguindo os modelos e histórias de sucesso que vemos lá de fora. A primeira corretora de criptoativos foi fundada já em 2010 nos EUA, enquanto aqui elas só começaram a surgir em 2013 e de forma tímida. Como em qualquer mercado novo e inexplorado, vimos algumas pedras no caminho – uso indevido na Dark Web, carteiras sumindo, corretoras colapsando – mas passados os obstáculos, pode-se afirmar que hoje o bitcoin é uma ‘moeda ou reserva de valor’ não garantida por qualquer governo ou lastro, mas que tem uma massa monetária de cerca de USD 800 bilhões de dólares. Todos nós temos um conhecido que “ganhou muito dinheiro com bitcoin” ou “perdeu tudo” – a volatilidade é absurda. Importante mencionar também que a partir de 2014, novas moedas foram surgindo – como o Ethereum, Litecoin e Bitcoin Cash – que hoje também são amplamente conhecidas. Atualmente existem 8.700 moedas digitais!

Além da sua rápida valorização no passado recente (hoje 1 BTC = BRL 300,000), alguns movimentos importantes atraíram ainda mais atenção ao tema recentemente e foram considerados verdadeiros marcos na história da criptografia. Em meados de Abril, a Coinbase, uma das maiores corretoras de cripto do mundo, estreou na Nasdaq negociando suas ações 31% acima do preço de referencia e chegando a valer mais do que USD 100 bilhões – nada mal para uma empresa que foi fundada há apenas 9 anos. Recentemente, ela divulgou que tem mais de 35 milhões de usuários, incluindo investidores pessoa física e fundos institucionais.

No Brasil também houve um movimento importante na jornada de “institucionalização” das criptos: o lançamento do primeiro ETF de criptomoedas da bolsa brasileira, pela gestora Hashdex. O Hashdex Nasdaq Crypto Index  facilita o acesso às criptomoedas para investidores que têm interesse mas que ainda não compram esses ativos diretamente. A chegada do HASH11 à B3 traz mais conforto e segurança para o investidor, dando acesso a uma cesta de ativos com rebalanceamento periódico que segue os parâmetros da Nasdaq. Os bancos coordenadores da oferta foram o Itaú BBA, a Genial e o BTG Pactual. A adesão do varejo foi impressionante, e os fundos institucionais locais também ficaram interessados em entender a dinâmica da transação. Entendo que assim como vimos nas transações de equities envolvendo startups e empresas de tecnologia, teremos um processo natural de “education” até os investidores se sentirem mais confortáveis com as dinâmicas inerentes a esses novos ativos. Agora focando em tecnologia no Itaú BBA, vejo esse movimento claramente –  achamos que esse será o primeiro de muitos ETFs que serão listados futuramente, e que o Banco ficará cada vez mais envolvido com o tema.

Olhando para o lado internacional, recentemente tivemos alguns acontecimentos importantes. A minha visão é que, de forma lenta, a maioria dos grandes bancos está começando a aceitar a lidar com a crescente demanda de clientes. Recentemente foi anunciado que o JP Morgan e o Goldman Sachs estão com planos concretos de aceitaram bitcoin como meio de pagamento em um futuro próximo – além de estarem com planos de lançarem fundos de Bitcoin com gestão ativa.

O mês foi importante também para vermos empresários influentes, que antes eram céticos, mudarem de visão. Ray Dalio recentemente afirmou que a diversificação do portfólio com bitcoin faz sentido. A Third Point, fundo americano de cerca de USD 17bn sob gestão, do conhecido Daniel Loeb, anunciou que tem ativos cripto em seu portfólio. Já Elon Musk, há tempos pró-cripto, iniciou a tendência de empresas aceitarem Bitcoin como forma de pagamento, com a Tesla. O Venmo, da PayPal, lançou também a compra e venda de cripto em sua plataforma. Aqui na América Latina, o Mercado Livre comprou US$ 7,8 milhões em bitcoins dentro de sua estratégia de tesouraria no 1º trimestre.

Movimentos como esses mostram que definitivamente cripto veio para ficar e que o ano de 2021 tem sido crucial para o desenvolvimento do ativo tanto no Brasil, quanto no mundo. Animada para ver as cenas dos próximos capítulos….. In vol we trust!!

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