Artigo

Artigo: Da CLT ao empreendedorismo; vale a pena?

Artigo: Da CLT ao empreendedorismo; vale a pena?

* Natalie Zarzur é co-fundadora da SafeSpace

O Brasil é o 7º país com mais empreendedores. De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2021, o número de pessoas empreendedoras brasileiras cresceu no país em 2021 e, atualmente, já existem 14 milhões de brasileiros e brasileiras de 18 a 64 anos (9,9% da população adulta) que comandam um negócio no Brasil.

Empreender é uma necessidade e, em alguns momentos, um desejo que faz parte da realidade da população. Ainda de acordo com o GEM, o número de brasileiros que não têm um negócio, mas pretendiam abrir uma empresa nos próximos três anos aumentou 75% em 2020, chegando a 50 milhões de pessoas.

Para aqueles e aquelas que estão nessa jornada de transição, o sentimento de fazer o que nunca foi feito é assustador. Não existe um playbook. Mas posso te afirmar: a descoberta faz parte do brilho de empreender.

Ao ver problemas nas culturas de trabalho das empresas por onde passei e tentar mudá-las de dentro pra fora sem sucesso, tomei a decisão de virar a chave e montar um negócio focado nesta mudança.

Vi que as empresas estavam mal preparadas para receber e resolver problemas relacionados a comportamento. Quando me juntei às minhas sócias, percebemos que poderia ter uma solução para esse problema e então criamos a SafeSpace para levar tecnologia e inovação ao compliance empresarial. A área realmente precisava e ainda precisa desta repaginada. Para isso, criamos novos canais por onde pessoas colaboradoras  podem fazer denúncias e reclamações de forma ágil e transparente e acompanhá-las em tempo real.

Reconheço ter o privilégio que muitos brasileiros e brasileiras não têm, que foi largar meu emprego e não ter perspectiva de quando ganharia um salário de novo. Aos 27 anos, comecei a tocar meu negócio com as minhas sócias, uma responsabilidade que a maioria das pessoas que empreendem só tem quando estão mais velhas. Por isso, foi necessário amadurecer rápido.

Nesse processo, foram muitas frustrações. A gente sempre tem esse pré-conceito de que nossa ideia vai ser super bem aceita no mercado, logo de cara, e que todo mundo terá a mesma clareza sobre a necessidade do negócio. Não é o caso. A área de compliance ainda é conservadora e só agora começaram a surgir soluções tecnológicas. Ainda assim, encaramos resistência em alguns âmbitos.

Ao mesmo tempo, os ganhos na jornada são de ter o privilégio de construir algo  coeso, que vai ao encontro daquilo que eu acredito como ser humano. Este forte alinhamento com o que eu acredito, é um ganho inigualável.

O match perfeito

Para quem está começando, a primeira dica é ter sócios ou sócias que você confie, que tenham conhecimento e perfis complementares ao seu. Isso ajuda a ter mais segurança, porque as decisões são pensadas e tomadas por mais de uma mente.

Ao empreender, diferente da rotina tradicional de uma pessoa colaboradora em uma empresa, se organizar é um desafio e, em alguns  momentos, é realmente difícil. O caminho é um pouco desorganizado porque você faz muitas coisas ao mesmo tempo, ainda que existam metodologias que ajudam a dar um norte.

O mundo do empreendedorismo é dividido em duas frentes: existem as pessoas que começam a empreender para aliar o que gostam e o que pode trazer retorno financeiro, e aquelas que empreendem por necessidade, ou seja, porque não conseguiram se recolocar no mercado de trabalho tradicional. Seja qual for o seu caso, caso esteja pensando em entrar nessa jornada, é importante ter em mente que é necessário, realmente, gostar com todo o seu coração de sua nova forma de trabalho, porque vai ser difícil e frustrante. Além disso, fazer o que você ama com pessoas que você confia e admira, porque faz toda a diferença durante o caminho de construção.