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Artigo: Empreendedor, não se assuste! Faça isso e fuja da crise

Foto: Canva
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* Diogo Catão é CEO da Dome Ventures 

Há vários desafios que podem ser citados quando falamos sobre empreender no Brasil: trâmites tributários, burocracia, a própria concorrência, as dificuldades de acessar crédito, entre outros. Além disso, encontrar um modelo de negócio replicável e escalável também se mostra uma tarefa difícil nos dias de hoje, bem como identificar um mercado abrangente e relevante, que necessita da demanda que o empreendedor tem a oferecer.

O cenário mundial também contribui para ampliar esses desafios. O mundo foi bastante afetado pela pandemia de Covid-19. Logo após, houve a guerra na Ucrânia, que prejudicou vários aspectos da sociedade, principalmente a economia. No Brasil, desde o fim de 2021, iniciou-se a recuperação econômica, porém, já comprometida devido ao alto preço dos combustíveis, que leva à redução do IPCA, gerando deflação significativa.

Para este ano, a estimativa do PIB do Brasil está ligeiramente alta. De acordo com o FMI, o crescimento esperado para 2022 é de 2,5%. Trata-se de um cenário de retomada do crescimento econômico, importante para que os empreendedores observem quais setores vão apresentar mais evolução, pois alguns podem crescer e outros diminuir.

Uma alternativa é focar nos mercados que estão mais aquecidos, posicionando suas soluções para atender às novas demandas do pós-pandemia. É preciso ainda diagnosticar, analisar e investigar a fundo quais são os gargalos atuais, já que se transformam com frequência e rapidez. Não é possível, por exemplo, se basear em análises de um ou dois anos atrás, afinal, o mundo está em constante mudança.

Nesse contexto, é preciso pensar desde a melhoria da produtividade até a diversificação da forma de atendimento, como vimos no caso da pandemia, em que os serviços em domicílio cresceram de maneira considerável. Além disso, as plataformas digitais passaram a ser cada vez mais requisitadas.

Alguns setores tradicionais conseguiram se desenvolver muito bem, como é o caso dos segmentos de alimentação. Porém, esse conhecimento só foi possível após diagnósticos adequados do mercado, envolvendo questões fiscais e tributárias do negócio.

Todos esses aspectos, de forma conjunta, além da dedicação e do comprometimento da equipe, fazem a diferença no sucesso do negócio. Destaco a habilidade de se reinventar, a entrega do time e a capacidade de gerar valor para o público-alvo. Certamente essas ações, aliadas ao conhecimento e à tenacidade, levam o empreendimento mais longe.

Vocação brasileira

Em meio a tantos desafios, o Brasil mostra sua vocação de empreender. Em 2022, o país bateu recorde de abertura de empresas, com microempresas e MEIs. Nos primeiros quatro meses do ano, 1,3 milhão de novas companhias nasceram.

Essa é uma característica importante, pois ao analisar o cenário como um todo, os pequenos empreendedores representam 99% das organizações brasileiras, ou seja, são responsáveis por 62% dos empregos e 27% do PIB nacional. De uma certa forma, o empreendedorismo foi o caminho que os brasileiros encontraram para desviarem da crise.

Um case de destaque é o Magazine Luiza, que se reinventou em um cenário de dificuldade. A marca já possui características bem completas em relação ao empreendedorismo, porém, lançou mão de algumas estratégias para crescer e se superar. A agilidade na entrega foi o grande diferencial da empresa na modalidade on-line. As lojas precisaram fechar e o Magazine Luiza focou no envio rápido e preciso. Além disso, foi resiliente às adversidades que surgiram e utilizou seu aplicativo para aumentar as vendas.

Outro exemplo de sucesso é o da startup do portfólio Dome Ventures, a Prefeitura Conectada, que envolve o estado da Paraíba. A empresa foi responsável por um aplicativo para agendamento de vacinas da covid-19, usado nas cidades de João Pessoa e Campina Grande. Com essa demanda inesperada, a Prefeitura Conectada criou o app de forma rápida, precisa e útil.

É importante destacar que muitas empresas quebram. Há sempre uma margem de erro devido ao alto risco de empreender. Nos primeiros anos, chega a 65% o índice das companhias que não sobrevivem, segundo dados do Sebrae e da Abstartups.

Diante disso, as soluções para contornar a crise são: empreender sem medo, com análise e propor soluções relevantes, bem como firmar parcerias para troca de experiências, vislumbrar o momento correto de tomar decisões – como aguardar as eleições para entender como serão as políticas públicas – e investir em tecnologia e inovação.