*Ive Caceres é gestora de carteira da Semente Negócios
Quando o assunto é o empreendedorismo de startups, muito se fala sobre inovação, tecnologia, faturamento e até quando teremos o próximo unicórnio – ou seja, empresas que atingem uma valorização de 1 bilhão de dólares sem ter presença na bolsa. Contudo, pouco se ouve sobre a participação de mulheres empreendedoras nesse setor.
De acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), em 2021 apenas 16,9% das pessoas fundadoras de startups eram mulheres. Os números não melhoram quando olhamos para a formação dos times destas empresas: apenas 20,8% das startups têm um número de mulheres mais expressivo. Isso só reforça o quanto o setor precisa de muito incentivo para melhorar a igualdade de gênero.
Sendo assim, neste texto, discutimos como a presença de mulheres impacta o segmento de startups. Além disso, fazemos algumas observações do que o ramo do empreendedorismo – e toda a sociedade –, tem a ganhar com as mudanças envolvendo a pauta.
O que é empreendedorismo de startups?
Empreendedorismo em startup representa a capacidade em criar modelos de negócios inovadores, repetíveis e escaláveis ainda que o ambiente seja de grande incerteza. Diferente dos negócios tradicionais, em que a presença de empreendedoras são facilmente perceptíveis, startups são guiadas pela inovação e geralmente pela tecnologia. Isso porque esta propicia diferentes soluções para problemas reais de mercado.
A partir de um modelo de gestão masculinista, a pauta da liderança feminina é muitas vezes questionada. Todavia, é notório que esse “pulso feminino” aplicado no âmbito da gestão é capaz de humanizar as relações e de lidar melhor com as complexidades. Além disso, tal “mudança” não estaria menos comprometida com o retorno financeiro. Em outras palavras, nada em termos de competência e prática impede que mulheres sejam líderes de empresas de base tecnológica ou inovadora.
Como as mulheres têm contribuído para o setor
A diversidade é a base para o avanço e uma pesquisa feita em 2020 pela consultoria norte-americana Boston Consulting Group comprova isso. De acordo com os resultados, startups fundadas por mulheres geram 2,5 vezes mais receita por dólar levantado junto a investidores, do que aquelas fundadas por homens. O First Round Capital, uma empresa de capital de risco especializada em fornecer financiamento em estágio inicial para empresas de tecnologia, revelou no mesmo ano que empresas fundadas estritamente por mulheres registraram desempenho 63% melhor do que aquelas com equipes fundadoras masculinas.
Os números não mentem. Apesar dos obstáculos enfrentados por mulheres empreendedoras no setor da tecnologia, seja por vieses estruturais ou falta de oportunidades, essa equidade de gênero no setor começa com o acesso à educação especializada e a criação de espaços acolhedores para a ascensão profissional delas.
Programas de aceleração para startups
Em geral, os programas com foco na aceleração de startups não direcionam um olhar atento para as especificidades de mulheres empreendedoras. Na grande maioria, o compartilhamento de informações técnicas e o desenvolvimento dos negócios é o que move as oportunidades disponíveis no mercado.
Lugar de mulher é, definitivamente, onde ela quiser! Quando o assunto é startup, inovação e tecnologia esse espaço está disponível para que empreendedoras o ocupem trazendo com elas habilidades femininas tidas como essenciais para o desenvolvimento do futuro do trabalho. E se a educação é o primeiro passo para oportunizar que cada vez mais mulheres liderem empresas deste setor, fica aqui o pensamento: qual o nosso papel e como podemos contribuir para trazer cada vez mais diversidade e equidade para as organizações de tecnologia?