Artigo

Artigo: Governança corporativa é indispensável para os unicórnios do futuro

Artigo: Governança corporativa é indispensável para os unicórnios do futuro

* Emilio Martos é Head de Planejamento e Desenvolvimento Humano da Condurú Consultoria

Engana-se quem afirma que unicórnios não existem – eles existem e são muito valiosos. Estamos falando de startups que ultrapassam o valor de mercado de US$ 1 bilhão e não sobre o animal da mitologia. Em 2021, só no Brasil, nasceram dez.


Essas empresas costumam percorrer jornadas avassaladoras de crescimento e valor de mercado, em um curto espaço de tempo. Mas, para passar de uma PME (pequena ou média empresa) para um unicórnio, de forma consistente e segura é preciso estruturar uma boa governança corporativa, pilar essencial para a criação de valores e da cultura organizacional da companhia. 

Para muitos, a governança corporativa só é possível e necessária para grandes empresas. Enquanto para negócios ainda pequenos é algo que se torna dispensável. O que identificamos nesses casos é um sistema de governança que não acompanha o crescimento da empresa ou até mesmo um sistema informal, não institucionalizado, de controle pelo olhar, em que os atores não têm bem definidos seus papéis; o que pode ser fatal para o seu desenvolvimento.

Quando falamos em governança é importante transformarmos os valores e cultura da organização em ações e responsabilidades integradas com o todo. Como definição do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBCG), temos que “governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”. Neste sentido, podemos identificar três tipos de governança das organizações.

Perder, manter ou gerar valor

Os sistemas que fazem a empresa perder valor são os informais, não institucionalizados, sem planejamento, que vão sendo criados como “puxadinhos”.  Muitas startups não estão preparadas para lidar com crises, pois são reativas, seguem modismos e pensam nas respostas apenas quando são questionadas. Nestes casos, quando existe um acordo de acionistas/fundadores, não são contempladas as principais questões de relacionamento e competências internas, especialmente para os momentos de adversidade ou para opiniões divergentes sobre os rumos estratégicos do negócio.

Os sistemas de governança que mantêm o valor do negócio já construíam a função e responsabilidade de cada stakeholder. A propriedade intelectual e o tempero especial do negócio estão protegidos, controlados e bem estabelecidos, assim como a matriz de risco que traz assertivamente, quem e o que é imprescindível para o sucesso da empresa. Nesta etapa, o IBCG recomenda a participação de mentores e fundadores de outras startups para mentoria e facilitação de novos empreendedores.

Este também é o momento da formalização do negócio. Para alguns, pode ser visto como o estado burocrático; enquanto para outros, esta é a hora em que os valores, ideias e culturas são concretizadas. Quando eu, você e eles deixam de existir para aparecer o que nós acreditamos.

No sistema de governança que gera valor, a empresa tem a competência analítica, que consegue identificar quais são as parcerias que gostaria de realizar de maneira ativa e quais não. Além de já contar com um conselho consultivo, a startup pode estar estruturando o seu próprio conselho de administração a partir de uma cultura de organização que representa tanto a aspiração dos fundadores como a evolução de seus talentos.

Para concluir, unicórnios existem sim, mas só se mantêm vivos em um sistema de governança ético, transparente, equitativo e que tenha sido construído desde o seu nascimento.