*Breno Barros é CTO da Falconi
É mais do que certo dizer que a inteligência artificial ainda dá seus primeiros passos no mercado de tecnologia, apesar dos feitos antes inimagináveis. Segundo dados do IDC, a expectativa é que os investimentos globais em IA dobrem até 2024, chegando a mais de US$ 100 bilhões nos próximos dois anos.
Com uma infinidade de possibilidades, vejo uma corrente específica com potencial para ser considerada o “futuro da IA” –, trazendo com ela um caminho de crescimento exponencial para as startups globais (e brasileiras, com certeza).
A vertente que destaco é a chamada técnica de aprendizado de máquina por reforço, modelo que mudará o jogo de diversas indústrias em breve. Já em transição entre laboratórios de pesquisa no mundo acadêmico, o grande objetivo dessas entidades é desenvolver aplicações de alto impacto no mundo real.
Na prática, ela é capaz de resolver problemas complexos, dentro de cenários nos quais não é possível prever todas as ações, em que há apenas um “resultado” a ser alcançado. Ou seja, problemas que não temos referências de instruções para que a máquina chegue no objetivo; temos apenas o objetivo.
No aprendizado por reforço, a máquina pode observar as variáveis de ambiente sozinha, escolher ações, agir e ganhar recompensas, ou até mesmo penalidades, com os resultados alcançados a partir do objetivo traçado previamente. Assim, com essa pontuação, a máquina aprende a melhor estratégia para sempre ganhar recompensas.
É como nós, humanos, aprendemos, certo? Neste caso, contudo, imagine o poder computacional. O que levamos anos, a máquina aprende em segundos.
Um bom (e fácil de entender) exemplo é o dos carros autônomos ou drones não tripulados. Não é possível prever tudo que pode acontecer em um trajeto de um ponto A para um ponto B nas ruas de qualquer lugar, ou numa missão. Mas é possível dar o objetivo do destino a ser alcançado em segurança, ou da missão a ser cumprida.
Aí mora um gatilho – e uma oportunidade: as startups do futuro não podem deixar de olhar para esse tipo de tecnologia. Sim, ainda há um grande desafio técnico e um tamanho alto de desenvolvimento, principalmente, porque a tecnologia ainda não está madura o suficiente, mesmo entre organizações bem financiadas. Mesmo assim, as chances de sucesso dentro deste nicho são altíssimas.
Para os curiosos, algumas startups já contam com essa tecnologia no “core” da sua operação, como a britânica InstaDeep, que provê softwares de IA para a indústria; ou da ProteinQure, que aplica AI avançada e computação quântica para aumentar o desenvolvimento de novos medicamentos. As possibilidades são, sim, infinitas, tal qual as possibilidades de análise de uma inteligência artificial avançada.
E isso pode valer muito dinheiro. Em mercados saturados pelas Big Techs, como o de anúncios digitais, o aprendizado por reforço pode ser uma tecnologia disruptiva, com capacidade para igualar o jogo e quebrar esse domínio. Ou, por que não, atrair a atenção das gigantes e ajudar empresas como Google e Facebook a aumentar sua conversão. Imagine quanto vale uma startup capaz de criar um algoritmo que permita aos clientes clicar 3% a mais em anúncios dessas corporações. Há um bom caminho por aí.