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Artigo: O momento perfeito para se investir em venture capital

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*Nemer Rahal é sócio e diretor de estratégia da gestora de venture capital Mindset Ventures

 

No mundo dos investimentos, crises são desconfortáveis, geram receio e desafiam algumas de nossas certezas. Não raramente, tendemos a encarar estes momentos como se fossem mais críticos ou severos que outras crises que já enfrentamos em algum momento no passado. No entanto, apesar de toda a turbulência que surge em fases difíceis ou da forma como olhamos para estes eventos, situações desafiadoras também geram grandes oportunidades.

Historicamente, o ganho em investimentos, fruto da recuperação pós-crise se prova substancial. Algumas classes de ativos naturalmente tomam mais tempo que outras para retomar o ritmo de crescimento anterior à crise, mas com o passar do tempo a maior parte delas eventualmente acaba recuperando o fôlego de crescimento. Em meio a isso, alguns poucos investidores – aqueles aos quais por vezes nos referimos como visionários – conseguem tomar vantagem deste tipo de situação.

O impacto negativo gerado pela atual pandemia sobre as mais variadas classes de ativos ao redor do mundo, pouco se difere de uma série de outras pelas quais já passamos e, não surpreendentemente, a incerteza de longo prazo gerada por ela amedronta investidores. Como de costume, previsões assertivas de curto prazo se tornaram difíceis de serem feitas, e os preços dos ativos, como consequência, derreteram. Nesta crise especificamente, no entanto, alguns aspectos parecem sugerir que o venture capital, entre todas as outras modalidades de investimento, será a classe de ativos mais promissora pelos próximos anos.

Primeiramente, ao se examinar eventos anteriores, é notável o quão rapidamente o mercado de venture capital se recuperou após turbulências e quantas startups do tipo unicórnio surgiram justamente em função das mudanças naturalmente impostas pelas crises sobre a sociedade. Enquanto a bolsa de ações toma, em média, cerca de dois anos para se recuperar, o mercado de venture capital retomou o crescimento imediatamente no ano seguinte aos dos ataques em 11 de setembro e da crise de 2008 com ritmo extremamente acelerado.

Além disso, considerando a natureza da crise atual e de como ela mudou toda uma geração, fica claro o quão crucial se tornou o papel da tecnologia em nossas vidas. Diferentemente do ataque de 11 de setembro, que afetou em maior parte a economia dos EUA, e da crise de 2008, que impactou o mercado financeiro muito mais do que quaisquer outros mercados, a atual pandemia atingiu absolutamente todas as pessoas e todos os segmentos, causando fechamento indefinido do comércio e de fronteiras entre países, além de mudanças comportamentais na vida de toda a população mundial. Home-office se tornou a nova realidade, assim como serviços prestados à distância. Sem a devida tecnologia, é difícil acreditar que qualquer companhia poderia prosperar neste momento. Com nossas vidas gradualmente voltando ao normal, nota-se que a tecnologia criada neste contexto permaneceu intacta, modelos de negócio defasados estão sendo forçados a se adaptarem à nova realidade e novos modelos muito mais associados à tecnologia têm surgido. Este novo contexto representa um mar de oportunidades para empresas relacionadas à tecnologia e, consequentemente, para fundos de venture capital.

Como mencionado anteriormente, por muitos meses, não havia ficado claro se os preços já haviam atingido o menor nível ou se ainda enfrentariam maior desvalorização. No entanto, sendo o venture capital uma modalidade de investimento de longo prazo com potencial de retorno extremamente substancial, o impacto em se perder o momento de entrada mais barato possível por uma pequena margem é praticamente irrelevante, mas garantir a entrada em um bom momento é, no mínimo, lógico. Em meio a isso, é razoável acreditar que, mesmo que aparentemente estejamos vivendo o final desta crise, ainda nos encontremos em um bom momento para se entrar em venture capital, pois o mercado continua a dar sinais de ainda não ter recuperado totalmente seu ritmo de crescimento.

Ademais, fundos de venture capital, assim como qualquer outra classe de investimento de longo prazo, invariavelmente enfrentam alguma turbulência no decorrer de sua vida de 8 a 10 anos. Diferentemente de produtos de curto prazo, essas turbulências não mudam estruturalmente a estratégia dos fundos desta modalidade. Pelo contrário, dependendo do estágio do fundo, crises podem gerar oportunidades únicas de investimento para que gestores de venture capital possam aumentar o retorno de seus investimentos sem necessariamente aumentar o risco associado.

Por fim, muito em função desta crise especificamente, a diversificação deve, mais do que nunca, exercer um papel importante na construção de portfólios de investimento. Alocar recursos em diferentes classes de ativo, regiões e moedas provavelmente se tornará uma regra incontestável para muitos. Não diferentemente, o venture capital deve passar a representar uma parcela notável em muitos portfólios de investimento daqui para frente.

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