* Benjamin Gleason é co-fundador da Kamino
O sinal está amarelo para as startups. Após alguns anos de forte crescimento na disponibilidade de funding, como em 2021, quando foram registrados mais de US$ 9,6 bilhões (174% se comparado a 2020), 2022, com as incertezas nos cenários econômico e político pelo mundo, espera-se ainda sim um crescimento, porém, mais desacelerado. Por isso, esse momento exige um preparo e atenção ainda maiores por parte das startups.
Nas rodadas de negócios, os desafios que cada startup enfrenta mudam dependendo do estágio de maturidade e da indústria onde opera, somando ao novo cenário mundial, de atenção. Dito isso, uma pergunta muito frequente no pensamento de todo fundador após fechar a rodada é: “What’s next?” ou “Quais são os passos que eu tenho que dar para atingir meus próximos objetivos?”; “Quais são os desafios e obstáculos que vamos enfrentar?”; “Como posso me blindar diante desse momento?”.
Fato é que 3/4 das startups não sobrevivem a mais do que 5 anos. Neste caso, é importante entender todo o processo, conhecer a jornada que será seguida e, acima de tudo, se preparar muito bem para se posicionar no mercado. Vale lembrar que estamos falando de uma ideia nova, que pode ter uma certa resistência, ou até mesmo desconfiança do mercado se ela vai dar certo.
Por isso, é sempre importante agir com cautela e estar atento ao que pode ser mudado na proposta. Esse é o momento da busca pelo product market fit. É fundamental acelerar o time-to-market e buscar escalabilidade ou outra empresa pode sair na frente.
Por mais óbvio que pareça, a gestão financeira é o pilar central para definir a sobrevivência no mercado, principalmente em tempos de incerteza. Uma empresa que sabe administrar seus recursos, ficando em cima dos fluxos de caixa, que seja escalável ou ainda saber usar o capital de giro vai conseguir lidar muito melhor com os desafios e as transformações diárias de mercado.
Outro obstáculo presente no dia a dia do investidor é a burocracia. Seja nos processos domésticos quanto no exterior, é necessário preparo para saber lidar com os possíveis contratempos causados pela papelada, ainda hoje persistente. Por aqui, podem pesar aos investidores iniciantes a carga tributária ou a dificuldade em tomar crédito, apesar de já existirem soluções que facilitam esse caminho reduzindo o time to market das empresas para que elas passem a operar desde o dia 1.
Então, como decisões cruciais, podemos classificar a seleção dos primeiros profissionais a integrar o time e, claro, a escolha de parceiros/fornecedores estratégicos, que saibam identificar as dores e as soluções e assim ajudar a apresentar ao mercado o produto adequado.
Manter-se no mercado é consequência de um trabalho firme e de uma proposta promissora. O Brasil hoje é um celeiro de unicórnios que inspiram outros novos investidores a apostarem em empresas nacionais. É importante se atentar às transformações do mercado e buscar uma adaptação rápida e segura. Os desafios não são impossíveis de serem enfrentados. Basta preparo constante de quem quer tocar a ideia. Assim, com o tempo, mais portas vão se abrindo, afinal, o momento é esse.