* Amure Pinho é fundador e presidente do Investidores.vc
O assunto já domina algumas rodas de conversa. Com grande potencial e ainda pouco explorado, o mercado de cannabis têm ganhado protagonismo em um país ainda bastante conservador. De acordo com o relatório da Prohibition Partners, entidade líder de inteligência de mercado sobre a indústria legal de cannabis da Europa, divulgado em 2021, existe uma expectativa de faturamento estimada em mais de US$ 824 milhões só na América Latina até 2024 para o mercado de cannabis.
Com uma vasta aplicabilidade, os mercados dos mais diferentes segmentos já estão de olho na erva: farmacêutico, medicinal, pet e têxtil já tem se destacado em terras brasileiras. Mas, apesar do perfil promissor, empresas brasileiras ainda esbarram em questões regulatórias, o que coloca o mercado de cannabis brasileiro ainda atrás de outros países.
Assim como o Uber e o Ifood, negócios inovadores que transformaram a indústria global e, inicialmente, não convenciam muito, a cannabis, uma substância criminalizada no Brasil, não seria diferente. Entretanto, o mercado brasileiro já está com olhos bem abertos com o desenvolvimento dos negócios relacionados à erva em outros países, como Canadá e Estados Unidos, que possuem uma excelente fonte de receita de trabalho e de aumento da economia local.
Players brasileiros
Apesar de travas regulatórias – e até morais – o Brasil já possui players que nasceram olhando para este mercado. Um dos mais conhecidos é o Dr. Cannabis, empresa que conecta médicos especializados à pessoas que precisam do tratamento com a erva para fazê-lo de forma legal. Há também o Centro de Excelência Canabinoide, clínica médica que faz especialização de pesquisa científica em cannabis e é uma das mais estruturadas no país. Além disso, existem startups de inovação em psicodélicos, como a Cannapag, fintech com foco em soluções de pagamento personalizadas para esse setor.
Uma dessas travas regulatórias é a proibição do plantio da erva em solo brasileiro, que impede ou atrasa o surgimento de mais empresas com soluções inovadoras através desta matéria-prima. Além disso, a proibição encarece e torna o processo de produção mais moroso.
Dessa forma, o brasileiro que já utiliza a cannabis de forma legal precisa buscar no mercado internacional ou pagar mais pelos serviços oferecidos por empresas brasileiras. E o que faz também, com que muitas das startups que trabalham com cannabis e nascem no Brasil, acabem operando em outro país.
Como investidor-anjo de startups e acompanhando de perto esse mercado, meu desejo é estar cada vez mais perto de empreendedores que estão revolucionando o mercado. O crescimento dessa indústria é inevitável, e o Brasil vai ficar cada vez mais atrasado se não reavaliar e olhar para frente.