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Artigo: Por que grandes empresas devem investir em hubs de startups?

Artigo: Por que grandes empresas devem investir em hubs de startups?

* Gabriela Diuana é sócia e diretora de Inovação e Novos Produtos da Cogna Educação

Fomentar a inovação dentro de grandes empresas não é um processo rápido, tampouco simples, mas é extremamente necessário. Para inovar, uma corporação precisa criar soluções e produtos que façam sentido para o mercado – e, hoje, talvez isso seja a alma do negócio. Encontrar esse equilíbrio é a parte mais difícil e exige que as companhias repensem toda a sua cultura corporativa, estimulando uma mentalidade inovadora por meio de diversas iniciativas, contemplando todo o time.

Mas devemos pensar de forma global e estratégica e é exatamente aqui que entram os hubs de inovação, que são pensados para sanar essas dores e buscar novas oportunidades, estimulando o empreendedorismo de dentro para fora e de fora para dentro. Nesse contexto, o investimento em hubs de inovação se torna prioridade para grandes empresas, não só como visão de negócio, mas também como transformação cultural.  

Segundo relatório da Sling Hub, startup que traz dados sobre inovação na América Latina, o Brasil representa 77% do mercado de startups e detém 70% dos investimentos da região. Isso significa que temos negócios maduros, que oferecem soluções transformadoras para a sociedade e que investir nessas ideias gera bons frutos. Afinal, há muito a se desenvolver utilizando a tecnologia como um viabilizador, um meio, para um fim específico – muitas vezes, para distribuir uma solução em uma escala nunca vista antes, para corrigir um gap ou satisfazer um desejo novo proveniente da transformação digital.  

Portanto, o mercado da inovação é comprovadamente fértil, sendo atraente para as companhias que buscam protagonizá-lo. Nesse contexto, criar um hub de inovação é uma alternativa altamente eficiente que fomenta a inovação de forma consistente. As Venture Buildings, popularmente conhecidas como fábricas de startups, seguem horizontes de inovação bem definidos e com linhas estratégicas que respeitam a essência do negócio, mas que também suscitam ideias “fora da caixa” para a companhia e para a sociedade. No caso da educação, sabemos que ainda existem grandes desafios, como por exemplo a utilização da inteligência artificial e a gameficação, bem como da robótica em prol da formação da mão de obra do futuro. 

A pergunta que surge diante da vontade de participar desse processo disruptivo é: mas, será que para inovar precisamos apenas de boas ideias? Não é bem assim. O conceito de ambidestria, que equilibra a balança entre inovação e a manutenção da qualidade operacional em prol do core business (negócio principal) da empresa, tem sido o caminho escolhido por muitos negócios. Isso quer dizer que a companhia se permite buscar novos produtos, enquanto segue com seu crescimento e entregas de valor para o mercado em que atua. Ou seja, é também uma questão de cultura organizacional.   

Esse equilíbrio faz com que grandes empresas, ao investirem em seus hubs, consigam validar as ideias que melhor dialogam com o cerne do negócio, sem deixar de lado as transformações importantes para sua evolução. O hub traz espaço para o debate, para a troca de experiências, para o teste e também para o aprendizado.  

Uma empresa que permite que seus colaboradores criem soluções e que testem essas ideias – ainda que possam não dar certo – faz com que iniciativas se tornem ainda mais robustas e evoluam para startups de sucesso.  

Desafio com as equipes

Dentro de uma empresa, o grande desafio é estimular as equipes a pensarem e agirem como empreendedores. Explico: é preciso despertar em cada profissional o interesse de empreender, pensando em novos produtos e serviços que possam revolucionar o segmento de atuação da companhia. E esse resultado também é decorrente da cultura organizacional, que precisa internalizar em cada colaborador conceitos como o de ownership e accountability – em português significam propriedade e responsabilidade, respectivamente.  

De acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), pensando em modelo de negócio, 41% das startups hoje são SaaS (Software como Serviço), e 19% são oferecidas como marketplace. Os dados reforçam que a digitalização e o mundo conectado permitem a qualquer pessoa iniciar a sua startup em poucos passos. Então, por que não estimular isso dentro da sua própria empresa?  

É claro que abrir uma startup ou ter uma ideia transformadora não é tão simples quanto parece. Pelo contrário, é uma mudança que deve acontecer gradualmente, focando em avanços significativos a médio e longo prazo. E para isso acontecer em uma grande empresa, existem metodologias que apoiam os colaboradores a executarem as ideias de forma responsável e organizada. Uma dica importante: tenha a alta liderança como os maiores aliados da inovação na sua empresa.  

Formar hubs de inovação que incentivem a criação e o desenvolvimento de novos negócios é uma condição primordial para que qualquer hipótese acompanhe o pulso do mercado. Seja olhando para fora a partir de parcerias com startups, seja estruturando ideias dentro de casa, uma grande companhia não precisa de soluções disruptivas o tempo todo, mas sim de um mindset voltado para o empreendedorismo e com foco no cliente, sendo guiada pelo equilíbrio entre o que a empresa é e o que ela almeja ser no futuro.