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Carteira digital: Quem é você na Web3?

Por meio dos NFTs, as marcas podem criar benefícios, prêmios, experiências e, assim, fortalecer a relação com seus clientes

Foto: Canva
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* Fabiano Nagamatsu é cofundador da Osten Moove

Um dos aspectos mais atraentes no universo da tecnologia é que ele não para. Novas soluções e formas de convivência virtual são constantemente criadas para acompanhar as demandas do mundo físico. Tanto é alterado que temos diferentes nomenclaturas para diferentes evoluções da internet. A Web3 representa nosso momento atual. 

A Web3 não é um ambiente onde se “entra”. Não existe um navegador específico para participar dela. Você definitivamente não se viu “entrando” na Web2, mas quando percebeu, já tinha seu cadastro em todas as redes sociais. A relação agora é mais ou menos a mesma. A transição é orgânica porque o usuário se interessa cada vez mais pelas novidades e passa a viver sua vida online neste meio. 

Por isso, como marca, é praticamente uma necessidade estar na Web3 atualmente. Por meio dos NFTs, as marcas podem criar benefícios, prêmios, experiências (digitais ou físicas) e, assim, fortalecer a relação com seus clientes, como nunca antes puderam. É tudo sobre descentralização – oferecer protagonismo para o usuário. E, claro, remover intermediários como bancos, taxas, câmbios e, principalmente, um dos grandes empecilhos das nossas vidas: a burocracia. Por exemplo, quando é realizada a compra de um imóvel tokenizado na Web3, não é mais necessário ir ao cartório e pagar taxas exorbitantes de escritura. 

Como afirmei anteriormente, não é necessário “entrar” na Web3. Mas para que o usuário possa realizar suas transações com criptomoedas no ambiente online, ele precisa de uma carteira digital. Existem alguns mal-entendidos sobre ela e é importante esclarecê-los. 

Uma carteira digital nada mais é do que seu cadastro em uma exchange – uma plataforma que trabalha com diferentes criptomoedas. É o mesmo ato de abrir uma conta em uma fintech. Quando o usuário estabelece uma conta em um banco virtual, ele tem uma carteira digital. 

E a privacidade, como fica?

A confusão vem quando falamos da privacidade na Web3. De fato, o usuário tem a garantia de privacidade de dados quando navega e transaciona nesse ambiente. No entanto, ter uma carteira digital não significa que você é um usuário anônimo, como se a Web3 fosse uma terra de ninguém. Principalmente depois da criação da Lei das Criptomoedas, em novembro de 2022. A partir desse marco, o que existem são exchanges regulamentadas e não regulamentadas. 

A privacidade a que nos referimos é com relação ao uso dos seus dados para fins publicitários. As empresas na Web3 não conseguem acessar seu comportamento online para focar suas ações de marketing por meio de cookies e análise de dados como é feito na Web2. 

Mas toda transação realizada por meio de uma exchange regulamentada, depois da Lei das Criptomoedas, é informada ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) e ao Banco Central. Isso foi definido para que pudesse ser fiscalizada a legalidade das atividades no ambiente virtual. 

No momento do seu cadastro com a exchange, o usuário tem a escolha sobre quantos dados pessoais ele está disposto a compartilhar com ela. O método é definido a partir das diretrizes de Know Your Customer (KYC) – em português, “conheça seu consumidor”. A exchange pode oferecer mais possibilidades a partir de quantos dados foram compartilhados na carteira. 

Seus dados básicos te darão a possibilidade de acesso à plataforma. Mas quanto mais informações que confirmam sua identidade, maior o nível da sua carteira. Isso porque elas aumentam a segurança para a plataforma permitir que se transacione maiores quantias. Dessa forma, se estiver disposto a compartilhar sua imagem e documentos, o usuário pode até receber um cartão físico que funciona nas maquininhas de estabelecimentos como um cartão de banco tradicional. 

Daqui para frente, com a evolução da Web3 e suas novas possibilidades, aliadas à segurança garantida pelo blockchain, nossa atividade online será cada vez mais influente no ambiente físico. Nosso processo de decisão e de compra será cada vez mais livre e criativo. As experiências compartilhadas no metaverso serão cada vez mais aproximadas à realidade e teremos cada vez mais escolhas de trabalho, entretenimento e convívio social.