*Diogo Catão é CEO da Dome Ventures
O ponto primordial do papel das govtechs é solucionar os desafios públicos. Com isso, há a melhoria no serviço, transparência, desburocratização de processos, maior participação da população nos órgãos governamentais e melhorias na qualidade de vida dos cidadãos. Impulsionando, assim, novas políticas mais consistentes e regulamentações mais adequadas para continuar elevando a inovação no setor e a transformação digital, chegando em novos patamares.
Também existem alguns outros pontos que as govtechs podem impactar no desenvolvimento econômico, como o desenvolvimento de ecossistemas de inovação, mais eficiência em desenvolver novas soluções que simplifiquem processos, reduzam burocracias e tragam mais transparência. Nesse ponto, destaco a ascensão de plataformas digitais e aplicativos que permitem a coleta de dados, a realização de consultas públicas e coleta de feedbacks.
As govtechs também são ativas na geração de empregos, estimulando a economia local. Isso acontece porque as startups estão criando oportunidades de negócios, gerando empregos diretos e indiretos.
A parceria entre governo, startups, empresas, universidades e parques tecnológicos também aquece a economia local, gerando cidades mais inteligentes através das soluções para os desafios do governo.
Destaco o exemplo da cidade de Recife-PE, que está no segundo Ciclo de Inovação Aberta, que promove desafios sociais específicos em áreas como saúde, educação, segurança pública e meio ambiente. Por meio disso, as govtechs desenvolvem soluções e testam na cidade. Isso impulsiona negócios, gera renda e colabora com o bem-estar da população.
Apesar da discrepância de estrutura entre os municípios brasileiros, há diversas iniciativas para desenvolver as cidades inteligentes em nosso país. Existe um esforço entre os municípios para desenvolver a inovação, como por exemplo, a cidade de São José dos Campos, em que seu Parque Tecnológico é considerado o maior complexo de inovação e empreendedorismo do Brasil, abrigando inúmeras empresas, startups e soluções inovadoras.
Já outros centros buscam investimento em tecnologia de acordo com a necessidade, como São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis.
As políticas públicas federais podem ser consideradas o primeiro passo de um posicionamento essencial para integrar os governos e oferecer processos contínuos e dinâmicos entre as esferas federais, estaduais e municipais. Assim, é possível mudar o cenário brasileiro, tornando os municípios mais inteligentes em médio ou longo prazo.
As govtechs possuem um papel de protagonismo na construção de cidades inteligentes. Isso porque elas são especialistas e focadas em desenvolver soluções tecnológicas para o setor público.
Govtechs e cidades inteligentes
Alguns exemplos possíveis de conexão entre govtechs e cidades inteligentes são a melhoria da eficiência e transparência de serviços oferecidos ao cidadão, gestão inteligente de dados, melhoria da mobilidade urbana através de monitoramento de tráfego ou uma plataforma de planejamento de rotas, por exemplo. Também pode focar no desenvolvimento de cidades inteligentes e sustentáveis, como utilização de energias renováveis, criação de infraestrutura, otimização de consumo de energia, gestão de resíduos, entre outros.
Há um mar de possibilidades para as govtechs colaborarem para a construção de cidades cada vez mais inteligentes no Brasil.
Destaco também um fator que é duvidoso, que é a adesão da comunidade e dos próprios cidadãos.
É preciso alinhar fatores relevantes, como o investimento que vai ser aplicado em cada cidade, o nível de maturidade da infraestrutura que existe, a capacidade de implementação e engajamento dos atores listados.
Algumas cidades já estão encaminhadas nesse processo, como no exemplo de São José dos Campos, porém outras ainda engatinham e precisam de mais coordenação de todos os fatores. Para que, só aí, possam ser desenvolvidas soluções que melhorem a qualidade de vida da população e façam dessas cidades, realmente inteligentes.
O primeiro passo é o fomento às govtechs, abrindo canais estratégicos para que os desafios governamentais sejam solucionados, assim reduzindo os passos para chegar às cidades mais inteligentes no Brasil.
O ideal é começar sempre pelo básico: identificar os problemas urbanos e analisar os desafios da cidade trazendo a solução para os problemas apresentados, sem esquecer que deve ser escalável, para ser aplicada não só naquele município, mas também por toda a região e até no país como um todo.
Por fim, mas não menos importante, a startup deve validar a solução, garantir que ela esteja acompanhando as tendências tecnológicas, focando na experiência do usuário e na segurança de dados.