*Sergio Esteves é CMO da Loft
Em 1995 eu fazia parte do time de tecnologia da Folha de S.Paulo quando a redação recebeu o seu primeiro computador com acesso à internet. Grudei nesse computador todos os dias pela manhã pra descobrir o que essa tal de Internet era. Por conta disso, quando a Folha resolveu criar o UOL, eu era um dos poucos que sabia mais ou menos o que era aquilo. Passados quase 30 anos, enxergo paralelos entre esse começo da internet comercial e o que estamos vivendo hoje com a inteligência artificial.
Assim como hoje em dia é impossível um profissional não ter noção de internet, logo logo, não será possível não ter noção de inteligência artificial. Temos que ser curiosos e abertos ao novo. A mesma curiosidade que eu tive em meados dos anos 1990 segue sendo necessária. Profissionais precisam atualizar suas habilidades para se manterem relevantes – e é nesse ponto que a educação contínua mostra-se como uma prática necessária. O acesso à informação foi democratizado por meio da internet, mas a IA vai além ao escalonar a criação de conteúdo como nunca vimos antes. Textos, vídeos, áudios, imagens e avatares tornam-se acessíveis para públicos mais amplos à distância de um simples prompt.
No campo dos negócios, a disseminação da internet desafiou os modelos tradicionais. As empresas tiveram de se reinventar, adaptando-se às novas formas de se comunicar. Esse movimento criou novas oportunidades de mercado. Os primeiros dias da internet foram caracterizados por experimentações, inovações rápidas, e empresas aparecendo o tempo todo com “soluções perfeitas”.
Qualquer semelhança com a IA nos dias de hoje não é mera coincidência – afinal, vemos uma explosão de startups e projetos baseados em IA. Prova disso é que o próprio termo “inteligência artificial” foi escolhido como palavra do ano em 2023 pelo dicionário Collins – assim como World Wide Web foi eleita em 1995 – tamanha a sua popularidade e desenvolvimento nos últimos tempos. Empresas surfam nessa onda ao criar conferências, eventos e workshops para explorar o uso da IA nos mais variados setores, como surfaram com a web nos anos 1990.
Fóruns online seguem sendo plataformas para comunidades de entusiastas e profissionais trocarem ideias e solucionarem problemas: há quase 30 anos, avaliando os primeiros passos da internet; e hoje, criando uma comunidade global e colaborativa para o compartilhamento de insights sobre inteligência artificial. Além disso, diretórios web como o Yahoo!, que popularmente facilitava a descoberta de novos sites no início dos anos 1990, foram um pontapé inicial para plataformas similares dos dias de hoje. Futurepedia e Poe, por exemplo, oferecem um espaço para que pessoas descubram quais os novos modelos de IA.
A revolução causada pela IA veio para ficar; não como uma ameaça, mas como uma oportunidade de crescimento e inovação, como foi a internet. Cabe a nós, profissionais das mais diversas áreas de atuação, nos adaptarmos para abraçar essas mudanças e ampliar o impacto positivo do nosso trabalho.