*Mariana Paixão é cofundadora e CEO da Melvi
Os planos de saúde corporativos já representam 14% da folha de pagamento das indústrias, conforme a Confederação Nacional da Indústria (CNI), uma média de 20% a mais do que consumia em 2012. Neste ano, o aumento deve ser de 25%, segundo relatório da Aon. Essa crescente pode ameaçar a existência deste que é um dos principais benefícios trabalhistas no nosso país.
A falta de um plano de saúde pode levar os funcionários a sobrecarregar o sistema público, resultando, consequentemente, em lentidão ou falta de tratamento, colocando em risco a vida ou o bem-estar. O cenário também é pessimista para as empresas, que ao deixar de ofertar o convênio, perdem atratividade para novos talentos e enfrentam aumento no absenteísmo, afetando a produtividade.
Esse modelo atual de oferta de saúde complementar, que considera consultas, exames e internações sob o mesmo plano, leva as companhias a optarem por downgrades, menores reembolsos, redes de cobertura reduzidas, aumento da coparticipação e restrições nos dependentes elegíveis, além de trocas frequentes de operadoras.
Assim, é necessário repensar o modelo atual de oferta da saúde complementar, olhando de forma mais holística e refletindo sobre como mitigar os custos através da promoção de consultas eletivas e tratamentos preventivos.
As healthtechs como alternativas efetivas
Essa é a proposta de muitas healthtechs, que estão repensando a forma como cuidamos da saúde e tratamos das doenças. Essa separação reduz os desperdícios do atual sistema, ampliando opções de gestão da saúde com maior qualidade e preços mais acessíveis. Tudo sem onerar o sistema público. Ao encontrar soluções práticas que garantem acesso e qualidade, estamos ampliando o cuidado de nossos usuários e evitando as idas desnecessárias aos pontos-socorros em até 18%, conforme dados da ANS. Nosso apoio também colaborou para uma queda de 40% na realização de exames, ainda de acordo com a agência.
Inclusive, as idas ao pronto-atendimento é um dos maiores problemas detectados, e nem sempre são utilizados por emergências, mas sim como uma forma de driblar a demora em conseguir agendar consultas médicas, elevando os custos dos convênios e criando uma exposição (desnecessária) a outras doenças. Por isso, quando apresentamos ao mercado alternativas que entregam uma maior agilidade e praticidade nos agendamentos de consultas, com qualidade, também diminuímos os custos.
Nesse caso, a tecnologia das healthtechs é um mecanismo que pode ser utilizado para essa finalidade, aproximando o paciente do serviço de qualidade mais ágil para que ele possa resolver seus problemas de saúde, de verdade.
Frente à complexidade do sistema convencional, as alternativas de menor custo com maior qualidade são caminhos para preservar o bem-estar dos colaboradores e garantir a sustentabilidade a médio e longo prazo das instituições. A adoção dessas abordagens pode ser o caminho para salvar a saúde suplementar.