*Marcelo Ciampolini é partner da Antler no Brasil
A inteligência artificial (IA) se estabeleceu como a principal plataforma tecnológica desta década, transformando o panorama econômico e social global. Para fundadores de startups, é essencial integrar essa tecnologia como o núcleo dos seus negócios, dada sua capacidade de resolver problemas complexos de maneira eficiente.
Investidores têm reconhecido o potencial disruptivo da inteligência artificial e estão direcionando mais capital para startups que utilizam essa tecnologia. O motivo é claro: a IA aumenta a eficiência e a produtividade em níveis sem precedentes, proporcionando uma vantagem competitiva significativa no mercado.
Segundo o CB Insights, o financiamento global para startups de inteligência artificial atingiu US$ 38 bilhões em 2023, um aumento de 30% em relação ao ano anterior. Esse crescimento não é coincidência. A IA está se tornando a base para inovações verdadeiramente disruptivas, abrindo novas possibilidades que antes eram inimagináveis.
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Um exemplo prático é a fintech sueca Klarna, que desenvolveu um assistente de inteligência artificial em parceria com a OpenAI, responsável por uma parte significativa das interações no atendimento ao cliente. Esse tipo de otimização, que equivale ao trabalho de 700 funcionários, é um fator importante nos planos de IPO da empresa.
Nem todas as startups de inteligência artificial são iguais. Durante o Web Summit Rio, Magnus Grimeland, fundador e CEO global da Antler, destacou três categorias de empresas de IA que fundos de venture capital devem considerar:
- Fornecedores de Infraestrutura: Empresas que constroem a base tecnológica para a Inteligência Artificial, desenvolvendo hardware avançado e plataformas que suportam a criação e escalabilidade de modelos de linguagem.
- Criadores de Aplicações: Startups que utilizam tecnologias como Machine Learning para resolver problemas específicos em setores como saúde, finanças e varejo, aplicando Inteligência Artificial para interpretar dados complexos e otimizar processos de tomada de decisão.
- Otimizadores de Processos: Startups que automatizam tarefas rotineiras, permitindo que recursos humanos sejam redirecionados para atividades mais estratégicas, aumentando a eficiência e reduzindo custos operacionais.
No Brasil, o desafio de criar uma startup de inteligência artificial que forneça infraestrutura é grande, dado o domínio das big techs e empresas capitalizadas dos EUA e Europa. No entanto, há uma oportunidade significativa para startups que criam aplicações específicas e otimizam processos, aproveitando a tecnologia existente e adaptando-a ao contexto local.
Um exemplo notável é a Traive, uma startup que utiliza inteligência artificial para transformar o mercado de crédito agrícola, avaliando o risco de crédito com maior precisão e eficiência. O modelo de negócios da Traive, centrado na IA, demonstra como essa tecnologia pode transformar setores tradicionais e criar valor real para os clientes.
Se você está considerando incorporar a inteligência artificial em sua startup, aqui estão três dicas essenciais:
- Incorpore a IA desde o Início: Desde o primeiro protótipo, use a Inteligência Artificial para solucionar a principal dor do cliente e tenha uma visão clara de como evoluir seus modelos para atender outras necessidades.
- Monte um Time Técnico: Inclua especialistas em tecnologia na equipe fundadora, capazes de desenvolver e aprimorar soluções baseadas em IA, e busque mentores com expertise para enfrentar desafios técnicos.
- Foco na Escala: Construa seu modelo de negócio com escalabilidade em mente, estruturando a infraestrutura tecnológica para crescer conforme a demanda.
A inteligência artificial não é uma tendência passageira, mas uma mudança fundamental na forma como os negócios operam e crescem. Colocá-la no centro do seu negócio é construir uma base sólida para o futuro da sua startup. As oportunidades são enormes para quem está pronto para aproveitá-las.