* Patrícia Zanlorenci é CEO da Vellore Ventures
Em uma sociedade cada vez mais permeada pelo universo digital, o setor de construção – um dos mais robustos do mundo – não poderia ficar de fora. O mercado é bastante tradicional e reluta em acompanhar as tendências de inovação mundiais, enquanto outras indústrias avançam a passos rápidos com o uso da tecnologia. Porém, chegou a vez da revolução acontecer no segmento de construção civil e imobiliário, com a consolidação das chamadas construtechs.
Nas últimas décadas, o Brasil e o mundo viram surgir uma série de novas empresas que buscam resolver problemas por meio de um modelo de negócios repetível e escalável, principalmente envolvendo tecnologia. Atualmente existem startups especializadas nas mais diversas áreas, como pet techs, healttechs, fintechs, govtechs, entre outras.
Levado em conta o tamanho do setor de matcon, as possibilidades são muitas. De acordo com uma pesquisa da plataforma PitchBook, empresas de capital de risco investiram US$ 538 milhões em 2017 e no ano seguinte o número quase dobrou, chegando a US$ 900 milhões de aporte em construtechs. O investimento na tecnologia promete resultados: o setor de construção global atingiu um crescimento de quase 6% em 2022, segundo projeção da Construction Intelligence Center. Com esse resultado, o PIB do setor deve superar o nível pré-pandemia (2019) em quase 9% e vai diminuindo a distância para o pico registrado em 2013 (-21,7%).
Um mapeamento da Terracotta Ventures e do MitHub identificou 500 startups do setor no Brasil em 2019. Um dos destaques no setor de proptechs é o QuintoAndar. A marca foi a primeira empresa a se tornar um unicórnio e ficou conhecida por desburocratizar o processo de aluguéis.
Mas os braços da inovação na construção vão muito além. Hoje, existem empresas empenhadas em desenvolver soluções nas mais diversas esferas do mercado, como compra e venda de imóveis, oferta de orçamentos, prospecção de terrenos, manutenção predial, investimento e crowdfunding, reformas, segurança do trabalho, gestão de materiais, entre outros.
As construtechs e proptechs ainda têm uma longa trajetória a se trilhar, mas muitos benefícios da inovação já começam a ser observados pelo mercado, como a diminuição dos custos operacionais, aumento na produtividade, redução de acidentes causados por falhas nos sistemas, entre outras vantagens operacionais impulsionadas pela TI.
A inteligência artificial, pode, por exemplo, corrigir erros de projeto que levam a acidentes e defeitos técnicos, e sistemas mais tecnológicos de segurança podem ser a saída para prevenir acidentes que sensores tradicionais não conseguem captar previamente.
Futuro
Na era da tecnologia, onde até mesmo o metaverso já é uma realidade – projetado para se popularizar dentro dos próximos cinco anos – o setor de construção deve ser marcado por outra tendência: as smart cities. As construtechs, além de necessárias para o mercado de construção e imobiliário, fazem parte desse futuro cada vez mais próximo.
As cidades inteligentes utilizam a internet das coisas, machine learning e data science para transformar a qualidade de vida dos cidadãos, com diagnósticos mais precisos dos problemas enfrentados pela população local e com soluções inovadoras para os desafios da rotina urbana de forma sempre permeada pela sustentabilidade.
O fato é que as construtechs e proptechs não devem mais sair de cena e quem não entrar nessa tendência, vai ficar para trás. O modelo se torna cada vez mais protagonista do mercado e vai garantir que o setor não desperdice mais tempo.