*Carolina Gilberti é CEO da Mubius WomenTech Ventures
CVC e CVB são dois excelentes aliados para alavancar o crescimento de uma startup. Esses modelos estratégicos complementares, quando atuam juntos, são ferramentas ainda mais poderosas para o sucesso de um novo empreendimento. O mundo dos negócios precisa entender que não há sustentabilidade e prosperidade sem colaboração. Para sobreviver, é preciso se adaptar à nova realidade. No caso do mercado de inovação e investimentos de risco não é diferente.
As Corporate Venture Builders (CVBs) têm o olhar voltado para startups em estágio inicial, ou seja, startups que se encontram em fase de ideação até em um estágio de validação e crescimento do seu produto. ou desenvolvendo seus primeiros Produtos Mínimos Viáveis (ou MVPs, na sigla em inglês). Nessa etapa, nem sempre o empreendimento possui um modelo de negócios bem definido, conhece seu público-alvo e ainda tem total domínio do mercado em que deseja se inserir.
As CVBs auxiliam a estruturação das startups, com acompanhamento próximo da operação, oferecendo serviços auxiliares e orientações em áreas como planejamento estratégico, contabilidade, questões jurídicas, marketing e governança
As Corporate Venture Capital (CVC) são os fundos de capital de risco, que aportam dinheiro nas startups. Nesse caso, cada CVC tem uma tese de mercado que pode definir o segmento e o valor do cheque investido . Essa parceria possibilita que a startup coloque em prática o seu plano estratégico para crescimento e fortalecimento do seu negócio, melhorando a sua eficiência operacional e, consequentemente, crescendo de forma mais acelerada.
A partir do momento em que o ecossistema entende e enxerga as inúmeras possibilidades disponíveis no mercado como parceiras, gera-se prosperidade para todos. É como uma prova de corrida de bastão: cada iniciativa dá o seu gás e conhecimento em etapas diferentes para que todo o time chegue à reta final. Não é uma escolha de um ou outro, é entender que cada modelo terá o seu momento ao lado daquela startup.
A jornada de um empreendimento é composta de etapas diretamente ligadas à maturidade do negócio e de quem está à frente dele. Falar sobre CVB e CVC é poder trazer informações importantes e necessárias que fazem parte da trajetória percorrida pelas startups para que tenham êxito e sejam sustentáveis dentro do cenário dessa nova economia.
Dinheiro é importante, sim, mas….
Dinheiro de investidor é importante, sim, e necessário – no momento certo. O capital financeiro é fundamental para que a startup tenha fôlego para chegar aonde precisa. Mas há pontos importantes que devemos trazer: os recursos de um fundo ou VC vêm atrelados a grandes responsabilidades. Esse processo envolve muitas exigências, cobranças e pouco envolvimento e auxílio aos founders. Entender os processos relacionados ao aporte é uma questão de sobrevivência nesse mercado.
E é aí que a CVB entra na história, para evitar que decisões erradas sejam tomadas ao longo do caminho, sejam elas relacionados aos negócios, ao aporte ou ao planejamento. Esse modelo tem como maior meta aumentar as chances de aquele negócio dar certo. E como isso é feito? Por meio da transmissão de conhecimentos, de know-how e expertise de mercado para a startup, bem como construção da estratégia dela lado a lado. A VB se torna um sócio estratégico, que serve como “treinador” que ajuda a empresa para que tenha mais musculatura e oxigenação. Essa parceria surge para colocar em prática, de forma organizada, planejada e estruturada todas as oportunidades que estão à frente do novo negócio.
O que atrai investidores são modelos de negócios interessantes, validação do produto, um bom planejamento financeiro, equipe complementar, governança estruturada, entre outros pontos. A CVB prepara a startup para isso e diminui os riscos. E o mais importante – essa parceria traz recursos saudáveis, ou seja, o dinheiro do cliente que não compromete o captable, .
Mais do que um caminho para os fundos, ter ao lado da startup uma CVB é um caminho de validação. E é isso que diferencia os negócios de sucesso daqueles que fracassam. Não é somente sobre a quantidade de recursos e aportes que se conquistou e sim com a boa gestão desse recurso e quanto a ideia e a solução foram aceitas no mercado e conquistaram o público-alvo. Com um bom plano de estratégia, se conquista mercado. Se há clientes, há validação. Se há validação, há atração de fundos de investimento. Entender essa ordem é fundamental.
Uma analogia perfeita seria entre o avião, o piloto, o instrutor de voo e o querosene. Todos precisam trabalhar juntos para colocar o avião no ar. O founder é o piloto. A ideia, startup ou negócio é o avião. O querosene, o fundo de investimento, e a VB, o instrutor. Se um elemento faltar, temos um problema. Sem um piloto bem preparado, não há negócio que decole e se mantenha no ar. Se decolar, sem as ferramentas necessárias, ele acaba caindo. E, se não souber gerenciar e planejar aquilo que está disponível, ele não se sustenta. Portanto, todos esses elementos precisam estar alinhados e em perfeita sintonia para alçar voos altos e perenes.