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Desafios e dádivas da jornada empreendedora feminina no Brasil

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*Carla Moussalli é CEO da LinkFit e cofundadora da Plenapausa

Falar sobre empreendedorismo feminino é sempre desafiador e importante, pois apesar de estarmos falando de algo que é uma tendência em franco crescimento, ainda é uma pauta muito recente na história/cultura da sociedade e que, por isso, necessita cada vez mais de incentivo e espaço para se consolidar.

Hoje, observamos um aumento significativo na quantidade de mulheres à frente de grandes negócios. Segundo um recente estudo realizado pelo Sebrae, no terceiro semestre de 2022 o número de mulheres empreendedoras atingiu a marca de 10,3 milhões, enquanto que a quantidade de empresárias que geraram empregos em 2022 subiu 30% em relação a 2021.

Assim, podemos perceber o quanto o empreendedorismo feminino tem transformado o mercado de trabalho nos últimos anos, reforçando a oxigenação de ideias, a inclusão e respeito à diversidade, sendo um fator determinante do processo de empoderamento feminino, onde as mulheres têm conseguido mostrar suas habilidades e construir sua própria trajetória profissional.

Ainda que as mulheres ocupem menos cargos de liderança do que os homens, atualmente há muito mais espaço para que possamos virar esse jogo, já que a expectativa de crescimento desses números é promissora e reforça o potencial empreendedor da mulher, que mesmo diante dos desafios, persiste e continua a comandar os seus negócios.

E falo isso por experiência própria. Durante os 12 anos de trajetória profissional, acarretando em diversas experiências corporativas, sempre busquei inovar e resolver grandes “gargalos” do mercado em que eu atuava. E foi assim que, tendo assessorado algumas startups e organizado alguns “Startup Weekend”, me apaixonei completamente pelo mundo do empreendedorismo.

Hoje, sou CEO da LinkFit, uma plataforma de telemonitoramento de dores musculoesqueléticas, que permite a prescrição e monitoramento, em tempo real, de tratamentos fisioterápicos e reabilitadores à distância para pacientes de profissionais de saúde – e também sou co-fundadora da Plenapausa, primeira femtech que oferece serviços e produtos para mulheres que estão na menopausa, assunto que ainda é um tabu na sociedade.

Acredito que as formações em direito e empreendedorismo me ajudaram a trilhar o caminho até aqui, moldando e construindo a minha jornada empreendedora, sem dúvidas. E, uma das coisas que move é saber que mesmo diante de tantos desafios, que são muitos ainda, posso ajudar outras pessoas, principalmente mais mulheres, seja sendo como um exemplo de empreendedora ou por meio das minhas empresas, que oferecem apoio, especialmente para esse público.

Ainda sobre números, uma curiosidade não tão bacana, é que no Brasil, as mulheres representam apenas 4,7% das founders de startups, recebendo somente 0,04% do total de recursos aportados em 2020, segundo uma pesquisa do Female Founders Report 2021. E essa diferença é ainda maior quando se pensa em mulheres liderando negócios de inovação e tecnologia, como é o meu caso. O que é realmente uma pena! Pois quem senão nós, mulheres, para endereçarmos e criarmos as melhores soluções para “problemas/questões” femininas?! Esse é um outro fator que me faz ter cada vez mais gás para continuar.

Por fim, para além de tudo já falado, a importância de aumentarmos a representatividade feminina no empreendedorismo brasileiro é que quando uma mulher empreende, ela abre espaço e encoraja novas mulheres a fazerem o mesmo, criando uma espécie de “trilha”, onde uma vai seguindo a outra. Algo como um círculo virtuoso. Abrir espaço para uma mulher empreendedora é uma forma de não só incentivar a economia de um país, mas também de desenvolver uma sociedade cada vez mais inclusiva e diversa, na qual haja, para as novas gerações, mais equidade de gênero e oportunidades iguais para todos.

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