*Guilherme Dias é CMO da Gupy
À medida que o fim do ano se aproxima, é natural que as empresas comecem a focar no diferencial competitivo de 2025 e planejamento. Como fundador, e vivendo esse momento de pensar e repensar a estratégia da empresa há quase 10 anos, é interessante observar como as diversas transformações pelas quais o mundo passa interferem nesse momento tão crucial para qualquer organização.
Agora, vemos o mercado passando por uma das maiores transformações das últimas décadas. Com a inteligência artificial avançando rapidamente e a escassez de talentos qualificados crescendo, as empresas precisam revisar suas estratégias para se manterem competitivas, e planejar o futuro se torna uma tarefa cada vez mais desafiadora. Mas, em meio a tantas mudanças e incertezas, há um norteador que se mantém sob qualquer circunstância: as pessoas.
Reciprocidade é um diferencial competitivo de 2025
Com relação ao diferencial competitivo de 2025, estudos mostram que empresas que colocam o desenvolvimento humano no centro de suas estratégias têm 63% mais chances de aumentar a lucratividade, segundo dados da Visier. E, apesar desse fator ser inerente a um bom planejamento e a prosperidade das organizações, não significa que ele seja imutável – os indicadores e boas práticas de engajamento e desenvolvimento de pessoas também se transformaram drasticamente nos últimos anos.
Não faz muito tempo que, com a entrada dos Millenials no mercado de trabalho, a palavra de ordem com relação a motivação das pessoas nas organizações se tornou “propósito”. A pessoa colaboradora – assim como o consumidor de forma geral – passou a olhar para além de salários e benefícios, mas também para o impacto do seu trabalho e das empresas no mundo, e para a conexão entre seus valores com os da instituição empregadora.
Agora, com novas gerações e um mercado de trabalho completamente diferente, no coração da estratégia de gestão de pessoas encontramos o conceito de “reciprocidade’ – a ideia de que, ao investir genuinamente no crescimento e bem-estar dos colaboradores, as empresas criam um ambiente de troca, onde todos prosperam. É uma forma de conexão que vai além de salários e benefícios; envolve desenvolvimento, aprendizado, conexões interpessoais e um sentido de pertencimento. É tudo que um colaborador sente que “ganha” em troca de seu comprometimento e esforço, um retorno que fortalece a relação com a empresa.
Mas como funciona na prática?
Para fomentar essa troca genuína, é crucial que a jornada do colaborador vá além das práticas tradicionais. Da pré-contratação ao pós-desligamento, cada etapa deve proporcionar experiências positivas e intencionais, promovendo bem-estar e alinhamento com os objetivos organizacionais. Esse ambiente de troca mútua é essencial para fortalecer o engajamento, a cultura organizacional e a produtividade.
Essa troca começa antes mesmo da contratação. O processo de recrutamento é um momento chave para demonstrar que a empresa valoriza cada candidato. Relatórios recentes mostram que 51% dos candidatos compartilham online suas experiências positivas em processos seletivos, enquanto 37% expõe publicamente suas frustrações quando têm experiências negativas. Candidatos que se sentem respeitados e bem informados sobre o processo tornam-se promotores em potencial da marca empregadora.
A reciprocidade no recrutamento significa estabelecer práticas de transparência, respeito aos prazos, feedbacks personalizados e inovações como entrevistas digitais e testes online. Tais práticas criam uma conexão inicial, essencial para atrair talentos alinhados aos valores e à cultura do negócio.
A jornada da contratação para um diferencial competitivo
Após a contratação, a continuidade dessa jornada exige práticas de desenvolvimento que vão além de treinamentos pontuais. A personalização dos planos de crescimento, o uso de tecnologias de aprendizado como gamificação e microlearning, e a criação de espaços para conexões interpessoais promovem um ambiente onde os colaboradores sentem que estão evoluindo. Essas iniciativas criam uma sensação de evolução constante, reforçando o compromisso da empresa com o crescimento de sua equipe.
Mais do que uma simples troca, trata-se de construir uma relação duradoura, onde o crescimento das pessoas impulsiona o sucesso da empresa. Em um mercado cada vez mais instável, o verdadeiro diferencial competitivo está na habilidade de cultivar essa conexão genuína.
E aqui está um ponto crucial: a reciprocidade não tem uma fórmula mágica ou única. Ela depende do que sua empresa se propõe a entregar no seu EVP (Employee Value Proposition). Cada organização possui atributos distintos que deseja destacar para atrair e reter seus talentos. Não se trata de ser o melhor em tudo, mas de ser o melhor naquilo que você se compromete a oferecer. Quando essa entrega é genuína e alinhada aos valores e objetivos da empresa, ela cria um ambiente onde os colaboradores se sentem valorizados e têm oportunidades reais de desenvolvimento, pavimentando o caminho para um futuro mais próspero para todos.
E se eu puder dar uma recomendação prática, diria: não espere para definir o diferencial competitivo de 2025, comece a agir. Nos próximos 30 dias, incentive sua equipe de liderança a adotar uma ação concreta que promova o desenvolvimento e bem-estar das pessoas na sua organização. Pode ser um novo programa de feedback, uma atualização nas políticas de desenvolvimento ou uma iniciativa de reconhecimento. Pequenas mudanças hoje têm o potencial de gerar grandes impactos no amanhã, e com certeza suas pessoas colaboradoras vão começar o próximo ano muito mais motivadas.
No fim das contas, o verdadeiro diferencial competitivo sempre será sobre pessoas: colaboradores motivados, engajados e alinhados com o propósito da empresa. Afinal, são elas que fazem a diferença, trazendo vida e propósito ao que a sua organização oferece ao mercado.