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Drex: Real Digital comprova Bacen como protagonista em inovação financeira

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*Marcelo Bentivoglio é CFO da QI Tech

Três anos depois da criação do Pix, que revolucionou o modo que os brasileiros pagam contas, recebem e transferem dinheiro, o Banco Central do Brasil apresenta uma inovação grandiosa: o Drex. A representação do Real Digital é mais um movimento para expandir o desenvolvimento de serviços financeiros no país, valendo-se do próprio Real, e não de uma criptomoeda ou stablecoin, como se especulava.

O Drex foi concebido para melhorar a competitividade do mercado financeiro brasileiro e trazer mais segurança aos participantes – o tema é uma das principais preocupações do Banco Central, que destaca a importância do cuidado com as informações pessoais e a segurança fiduciária das carteiras digitais. Para isso, apenas instituições regulamentadas e emissoras de moeda eletrônica poderão prestar o serviço de
custódia das carteiras digitais, e as soluções que forem desenvolvidas utilizando o Drexcomo base terão que se adequar às regras e adequações de segurança e criptografia.

O Bacen lançou o Pix em 2020, uma solução revolucionária para pagamentos instantâneos, e em menos de três anos ele já está se tornando o meio de pagamento preferido dos brasileiros. Em março de 2023, o Banco Central reportou 3 bilhões de transações mensais e o valor recorde de R$ 1,28 trilhão movimentados. Mais do que permitir a transferência de recursos, o Pix já gerou ecossistemas inteiros – o que contribuiu muito para o crescimento da QI Tech como infraestrutura tech para serviços financeiros.

Uma das vantagens permitidas a partir do Pix foi a integração deles aos boletos via QR Code, que antecipa a compensação e conciliação sem demorar um dia útil – o que significa melhor fluxo de caixa para quem o emite e mais facilidade para quem paga.

De acordo com os dados da QI Tech, que conta com uma tecnologia que permite a emissão de boletos em lote, régua de cobrança e conciliação imediata, 43% dos boletos que contam com essa modalidade são emitidos integrados ao Pix (modo popularmente chamados de “BoletoPix”).

Compras online e em lojas físicas também ganharam esta modalidade de pagamento, que permite até a concessão de parcelamento sem a necessidade de um cartão de crédito. 27% dos pagamentos de compras online são via Pix, também usado como primeira parcela no Buy-Now-Pay-Later. Em março deste ano, o Bacen reportou 683,7 milhões de transações de pessoas físicas para empresas
(compras e pagamento de contas), que gerou uma movimentação de R$ 423,27 bilhões.

Operações programáveis

Agora, com o Drex, o Banco Central também quer revolucionar as transações programáticas por meio dos smart contracts da blockchain. A inovação permitirá que instituições criem processos eficientes e automatizados para operações mais complexas do que simples pagamentos. Imagine este futuro: operações de crédito programáveis onde os pagamentos acontecerão automaticamente, no mesmo formato de um débito automático, porém disponíveis para todo o mercado e com transparência nas transações.

Transparência e informações históricas padronizadas de transações no mercado secundário de títulos privados, proporcionando um ambiente favorável para que mais operações aconteçam. Esse futuro não está tão distante com o Drex.

Mas o verdadeiro objetivo do Bacen com o novo Real Digital é melhorar os preços e ofertas de produtos financeiros e expandir o ecossistema financeiro do país, proporcionando a infraestrutura necessária para que empresas e projetos inovadores criem suas soluções. Por exemplo, com o Drex, até mesmo investimentos que anteriormente exigiam valores mínimos elevados, como R$100 mil, poderão ser acessíveis em faixas tão baixas quanto R$1 ou R$2. Essa democratização dos serviços financeiros é uma evidência clara do genuíno objetivo do Bacen de melhorar o acesso da população brasileira a serviços financeiros de qualidade.

A medida também promete agitar o mercado de fintechs. O Drex reforça o posicionamento de vanguarda do Brasil no cenário global, e a tecnologia promete ser referência em todo o mundo, assim como o Pix foi até para o FedNow, dos Estados Unidos. Há potencial para que o Real Digital seja reconhecido como uma das maiores inovações financeiras criadas por um Banco Central em todo o mundo.

Se o Pix alcançou dezenas de milhões de transações mensais sendo apenas um veículo de pagamento, podemos imaginar que o Drex irá impulsionar ainda mais os volumes transacionados, assim que soluções de crédito, investimentos, seguros e muitos outros estiverem disponíveis via blockchain.

O futuro é promissor. O Brasil está pavimentando o caminho para um mercado financeiro mais inclusivo e seguro. E, sem dúvida, muitas oportunidades surgirão para as fintechs e inovadores em todo o país.

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