Edtechs
Edtechs (Foto: Canva)

* Por Andrew Will Skrypnyk

As revoluções raramente avisam quando começam. E a próxima já está em curso: as EdTechs. A educação está se reinventando sob as mesmas forças que moldam o varejo, a tecnologia e as finanças: por meio de dados, automação e experiência do usuário. 

Durante a pandemia, as EdTechs pareciam ter encontrado seu momento de ouro. O capital fluía, as matrículas digitais explodiam e a IA prometia personalizar o aprendizado como nunca antes. Mas, passada a fase da curiosidade, o que definirá o sucesso a partir de agora não é o quanto a empresa fala sobre inovação, e sim o quanto entrega de resultado tangível. 

O mercado deixou de premiar quem “reinventa o ensino” e passou a mirar em quem comprova o impacto. Segundo o HolonIQ 2025 Education Trends Snapshot, o momento é de transição, no qual a experimentação em massa com IA está migrando para a implementação real, com foco em sistemas conectados e de impacto mensurável. 

E o que vem pela frente? Quatro movimentos estão se tornando inegociáveis para o setor de EdTechs se manter sustentável e relevante nas novas dinâmicas. 

  1. O avanço do conteúdo multimodal e curto, o chamado snackable learning, que responde à era da atenção fragmentada. 
  2. O edutainment, que antes parecia distração, mas hoje é ferramenta de engajamento e retenção. 
  3. O upskilling guiado por habilidades reais, que aproxima o ensino do mercado de trabalho. 
  4. E, talvez o mais poderoso, a incorporação do aprendizado socioemocional como elemento central da formação. Isso porque, de acordo com o OECD, Social and Emotional Skills Overview 2025, estudantes com maiores habilidades sociais e emocionais tendem a alcançar melhores resultados educacionais e a levar vidas mais felizes e saudáveis. 

Dessa forma, no novo jogo da educação, quem entender o comportamento e desejo do aluno, como o varejo entende o do consumidor, sairá na frente. A disputa agora é por experiência, recorrência e fidelização, e não mais apenas por inscrições. Plataformas que combinam dados de engajamento, algoritmos preditivos e curadoria de conteúdo têm conseguido aumentar significativamente o LTV (Lifetime Value) por aluno e reduzir o churn, indicadores cada vez mais relevantes para atrair investimento.

A soma de tudo isso aponta para um futuro no qual a educação deixa de ser apenas uma promessa de transformação e se consolida como motor econômico. O Distrito EdTech Report 2025 mostra que o Brasil já é o 2º maior polo global de EdTechs. Mundialmente, o setor movimenta mais de US$250 bilhões e deve ultrapassar os US$400 bilhões até o final de 2025, segundo a HolonIQ. Isso mostra que a fronteira entre educação e negócios está se dissolvendo. 

Para quem está construindo o futuro – seja investidor, empreendedor ou executivo – o mercado de educação nunca foi tão promissor, com cheques maiores, porém direcionados a modelos escaláveis e baseados em evidências. Essa seletividade está consolidando líderes e expondo aventureiros, pois o que passa a ter valor são as soluções sustentáveis e com impacto comprovado. 

No fundo, o que 2026 exige é menos tecnologia e mais estratégia. As EdTechs que destacarão não serão as que lançarem a próxima “ferramenta revolucionária”, mas, sim, as que entenderem de gente, dados e negócios – e souberem conectar os três. 

* Andrew Will Skrypnyk é fundador e CEO da Promova, uma plataforma de aprendizado de idiomas voltada para as mentes de hoje, reconhecida entre as Empresas Mais Inovadoras de 2025 pela Fast Company e as Estrelas Emergentes da EdTech pela Time. Membro da Forbes 30 Under 30, DJ e surfista, ele cria espaços em que as pessoas podem encontrar felicidade e crescer ao mesmo tempo.