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Empreendedorismo na educação pode salvar o Brasil

Startups têm ajudado a democratizar o acesso a educação de qualidade no Brasil, mas ainda têm dificuldades para entrar no setor público

Educação. Foto: Canva
Educação. Foto: Canva

*Alex Pinheiro é cofundador e CEO do Ecossistema SQUARE, rede integrada de startups na educação

Desafios na educação pública – essas palavras, juntas, não são novidade para ninguém, pois essa é a realidade do Brasil há algum tempo. No entanto, ano após ano, um agente importante tem seu potencial cada vez mais consolidado como uma luz no fim do túnel: a tecnologia aliada aos professores e gestores. Mas não falo apenas da compra de computadores, tablets e dispositivos móveis e sua disponibilização para os agentes da educação – alunos e professores. Isso já está batido e passou de diferencial para obrigação em todos os setores. Refiro-me, na verdade, ao poder que startups têm trazido ao país, aproximando-nos do objetivo de democratizar o acesso a um ensino de qualidade para muitos.

Desafios no setor público de educação: como romper as barreiras?

Existem 13 mil startups no Brasil, das quais pouco mais de 820 atuam no segmento de educação, segundo a Associação Brasileira de Startups (Abstartups). Apesar de já bem conhecidas e difundidas nos ambientes privados, o desafio é fazer com que elas penetrem o setor público. A falta de flexibilidade do segmento, o desconhecimento e a insegurança jurídica são alguns dos fatores que mais impactam a educação pública no país, limitando o acesso dessas companhias ao setor. Apenas 5% das edtechs prestam algum serviço para um órgão público de ensino!

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Para quem tem poder aquisitivo, especialmente no setor privado, é mais fácil contratar tecnologia educacional, mesmo que sejam soluções básicas. Precisamos, no entanto, falar da educação pública, onde o acesso a essas tecnologias educacionais não é tão facilitado. Aproximar as startups e seus produtos das instituições estaduais e federais é fundamental para impulsionar a transformação da educação no Brasil. Isso garantirá uma colaboração que realmente amplie a oferta atual de recursos educacionais. E o dinheiro, hoje, não é o principal problema – o orçamento destinado para a educação no Brasil em 2024 teve um aumento significativo, com crescimento de 8% em relação a 2023, passando de R$ 99,9 bilhões para R$ 108,3 bilhões.

Da teoria à prática: startups oferecem soluções concretas para a educação

Aqui estão alguns exemplos de inovações na educação que já existem “dentro de casa”: startups que desenvolvem técnicas para personalizar o aprendizado, considerando as características individuais dos alunos e ofertando recursos e metodologias que acompanham suas necessidades educacionais. Outro exemplo é o uso de algoritmos inteligentes aplicados à educação, que analisam e monitoram os alunos para identificar lacunas de conhecimento e adiantar protocolos de ação na educação, a fim de impulsionar seu desempenho. Isso permite que os estudantes avancem em seu próprio ritmo e recebam suporte adicional quando necessário, tornando o processo de aprendizado mais eficiente e eficaz ao longo da trajetória na educação.

O bilinguismo e o futuro da educação com startups

O bilinguismo também é uma ferramenta poderosa para diminuir a desigualdade social. Investir em ensino bilíngue no setor público – e temos visto casos de muito sucesso, como no Município de Pilar (AL) – abre portas e amplia o acesso ao conhecimento global de jovens que normalmente já terão que lidar com muitos outros desafios ao longo de sua vida. O futuro da educação está intrinsecamente ligado aos sonhos das crianças, e é papel do Estado e da sociedade permitir que esses sonhos se realizem. Os avanços da educação devem ser na pedagogia, na inovação e na ciência, unindo empreendedores, professores e políticas públicas estáveis para um ensino de qualidade.