*Felipe Avelar é fundador e CEO da Finplace
As fintechs têm desempenhado um papel relevante na ampliação e democratização do acesso ao crédito para pessoas e empresas, que encontram dificuldades junto ao setor financeiro tradicional. Essas startups promoveram transformações sociais na maneira como acessamos e solicitamos inúmeros serviços, como os bancários, de viagens e turismo, alimentação e outros.
O segmento de marketplace financeiro, por exemplo, tem papel de destaque no empoderamento de empreendedores que buscam crédito para seus negócios. É notória a importância das PMEs para a economia brasileira, visto que pequenos negócios respondem por quase 30% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e por mais de 50% dos empregos com carteira assinada.
As alternativas disponíveis nessas plataformas contemplam desde a antecipação de recebíveis, em que basta uma nota fiscal para transformar um recebimento futuro em capital de giro, em minutos, até recursos mais vultosos, para projetos específicos. No setor financeiro tradicional a lógica de negócios é diferente e as exigências muito maiores, como aponta uma pesquisa de 2021 da consultoria McKinsey. O estudo mostrou que apenas 9% da oferta de financiamento se destinou às PMEs.
As mudanças viabilizadas pelas fintechs vão muito além de questões práticas como simplificação de documentação, solicitação e liberação. Neste modelo de negócios de tomada de crédito, os pequenos empresários, que correspondem a quase 99% das empresas formais, podem escolher as condições e taxas mais convenientes para suas necessidades.
Do lado público, uma iniciativa importante vem do Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (PEAC), do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que surgiu de uma lei criada em 2020 e que, no ano passado, foi aprimorada para auxiliar ainda mais os empreendedores do país.
O objetivo é contribuir com a redução do risco de inadimplência para as instituições financeiras que concedem empréstimos e financiamentos. A retomada do PEAC representa um incentivo ao empreendedorismo do nosso país, com apoio de capital para as empresas impulsionarem suas atividades.
O empoderamento dos pequenos negócios na captação de recursos passa necessariamente por uma mudança de mindset dos próprios empreendedores. É preciso que esses empresários busquem alternativas inovadoras de concessão de crédito, como as oferecidas pelas fintechs, para alavancar suas ideias. Conhecer e aprender a utilizar, por exemplo, uma plataforma marketplace financeiro ou outros serviços digitais é parte dessa transformação.
A época do capital disponibilizado apenas pelo setor financeiro tradicional, com uma série de regras e burocracia, passou e precisamos nos adaptar a novas possibilidades. À medida em que pequenos empreendedores buscam as soluções criadas pelas fintechs, temos um círculo virtuoso, no qual essas startups também se fortalecem e contribuem para o desenvolvimento de novos negócios.