*Ana Antônio é head de Marketing e Produto da Edify Education
A questão ganhou as páginas de notícias depois que o governador de S. Paulo, Tarcísio de Freitas, decidiu testar inteligência artificial (IA) na criação de planos de aulas digitais ainda esse ano. Então, o trabalho que antes era feito pelo professor será substituído pela tecnologia? Essa é uma pergunta que infelizmente ainda amedronta muitos profissionais da área de educação.
Na verdade, iniciativas como a da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo não vão extinguir o papel do professor da sociedade. Pelo contrário: ferramentas da inteligência artificial serão capazes de potencializar o trabalho desse profissional, que muitas vezes gasta grande parte do seu tempo em tarefas operacionais.
De acordo com relatório do Future of Work, realizado pelo Linkedin, em 2023, 45% das tarefas mais administrativas do professor, como planejamento de aula, poderiam ser otimizadas por inteligência artificial, aumentando assim a sua produtividade.
É exatamente isso que o Governo do Estado de São Paulo planeja fazer. Segundo o documento enviado para os professores, a iniciativa pretende aumentar em 50% a quantidade de planos de aulas realizados por um professor durante um ano letivo.
A IA não vai substituir os professores
Além de aumentar seu rendimento, quem leciona ganha novas ferramentas para garantir e aumentar a qualidade das aulas. O material gerado não o substitui, mas serve como base para seu trabalho, para edição, ampliação de conteúdo e adaptação, a fim de garantir planos de estudo mais eficazes e coerentes com as necessidades em sua sala de aula.
Com a possível economia de tempo proporcionada pela inteligência artificial, já imaginou quantas oportunidades podem surgir para a mudança no papel do educador?
A IA nunca vai substituir as relações humanas. Pelo contrário, a professor terá um papel fundamental, com possibilidades infinitas. Já imaginou gerar insights com ia tecnologia para tornar o aprendizado do aluno mais personalizado? Um conteúdo pode funcionar para um aluno, mas não para outro.
O tempo que sobra nessa nova dinâmica no trabalho do professor pode trazer para o processo de ensino-aprendizagem uma análise mais ampliada do professor sobre cada estudante, além de outras atividades nunca realizadas antes.
O Brasil está preparado para usar IA no ensino?
O que já sabemos é que a IA pode assistir o professor em algumas funções de planejamento de aula, mas certamente precisaremos continuar trabalhando para descobrir o que mais a IA pode ajudar, e, claro, sempre com visão crítica para garantir que de fato entregaremos o que realmente importa: a aprendizagem.
Temos vários exemplos de boa utilização da IA no ensino. Um deles é a ferramenta Teacher’s Toolkit, já reconhecida internacionalmente. Com recursos de inteligência artificial, o professor pode resumir conteúdos, obter dados valiosos para compreender melhor o desempenho dos alunos e até criar apresentações que poderão ser usadas em sala para tornar, por exemplo, uma aula de inglês ainda mais dinâmica.
Isso prova que o Brasil já está preparado para utilizar suas próprias soluções em IA para a educação, além de tecnologias de outros países. A inovação é cada vez mais irrefreável e nenhuma decisão que traga a oportunidade de tornar a sala de aula um espaço mais digital deve nos amedrontar.
Não será qualquer tecnologia ou inovação que, de fato, trará avanço ou melhorias no processo educacional. O mais importante de tudo é testar e avaliar, focando sempre na evolução do setor e na qualidade da entrega. É isso que nos impulsionará sempre construir novas formas de aprender e ensinar.