*Por Caio Borges, Country Manager da Infobip
Acabamos de ver uma startup chinesa ganhar protagonismo no mundo processando IA de maneira muito mais econômica do que as chamadas big techs. Ninguém havia assistido quedas tão bruscas nas ações dessas empresas já consolidadas no mercado de inovação e posso garantir uma coisa: essa história ainda vai revirar mais ainda o ecossistema de startups e das grandes empresas.
O fato jogou um holofote importante sobre o ecossistema de inovação no mundo, que, em geral, vem sendo também muito impulsionado por conglomerados de startups. Mas, o que as grandes empresas ao redor do mundo estão fazendo para fomentar as startups, que são esse celeiro de produção tecnológica? E de que maneira os mercados dos grandes e médios negócios podem se beneficiar num sistema de cooperação? Empresas consolidadas têm um papel essencial no crescimento das startups, criando um ambiente que facilita a inovação, a troca de ideias e o desenvolvimento de novas tecnologias. Startups costumam oferecer agilidade e soluções diferenciadas, enquanto grandes corporações trazem recursos, infraestrutura e experiência de mercado.
A startup chinesa que estamos vendo fazer derreter alguns papéis no mercado de ações do Vale do Silício não nasceu em uma garagem com garotos inexperientes querendo ganhar o mundo da tecnologia. Havia um fundo por trás disso, apesar da então inimaginável ascensão, o fomento foi essencial para que seus colaboradores tivessem estofo e tração para realizarem testes e mais testes até descobrirem novas tecnologias mais baratas no mercado de IA. Isso chama-se fomento à inovação, nas mãos de pessoas inovadoras. Mas, concordam que alguém acreditou neles? Alguém investiu neles? Seja um fundo, seja outra empresa, ambos seriam beneficiados nessa repercussão.
Se você é um investidor, certamente está acostumado a capitalizar startups que precisam demonstrar performance e retorno para o seu investimento. Quando falamos de grandes empresas, você pode estar terceirizando serviços de startups ou mesmo comprando a companhia inteira e acoplando ao seu negócio. Alguns programas de aceleração e fundos de investimento estão adotando uma abordagem equity-free, focando em growth enablement para startups em vez de capturar participação societária. A ideia é fortalecer o ecossistema, injetando capital estratégico e smart money para escalar negócios promissores e, no longo prazo, gerar um novo flywheel de investimento e inovação no mercado.
Incorporando tecnologias emergentes
Startups costumam liderar o desenvolvimento de tecnologias como inteligência artificial (IA), blockchain e automação. Para empresas grandes e tradicionais o retorno pode ser um ecossistema de inovação mais maduro. Vamos partir do princípio que, startups investidas por meio de programas de aceleração de outras empresas, quando já estão desenvolvidas, passam a ser futuros clientes daquele mesmo mercado que investiu nela, mais robustos, capitalizados e competitivos. Isso cria um ciclo comercial a médio e longo prazo muito saudável. O investimento em startups não apenas impulsiona a inovação tecnológica, mas também tem um efeito multiplicador na economia global. Ao fomentar o crescimento de empresas emergentes, ele cria novos mercados, gera empregos altamente qualificados e atrai capital estrangeiro, fortalecendo economias locais e impulsionando a competitividade global. Esse ciclo virtuoso transforma ecossistemas empreendedores, permitindo que novas soluções escalem internacionalmente e contribuam para o avanço de setores estratégicos, desde fintechs até inteligência artificial e energia renovável. Outras empresas também adotaram programas assim e estão criando um ambiente inovador para elas e às startups.
Por exemplo:
- Google for Startups: Oferece coworking, mentorias e ferramentas para ajudar startups a escalar seus negócios.
- AWS Activate: Proporciona créditos gratuitos e suporte técnico para startups utilizarem a nuvem da Amazon de forma eficiente.
- Programa de Inovação da Bosch: Foca em startups com soluções em IoT, inteligência artificial e indústria automotiva.
- Microsoft for Startups: Oferece acesso a ferramentas e suporte financeiro para startups que desenvolvem soluções em IA e big data.
- Infobip Startups Tribe: Oferece suporte técnico, conexões estratégicas e acesso à sua plataforma de comunicação para startups escalarem seus negócios.
Esses programas mostram como grandes empresas podem apoiar startups enquanto integram tecnologias inovadoras aos seus próprios negócios. É importante que companhias com grande escala de negócios no mundo, ou mesmo de maneira regional, olhem para o investimento na comunidade de inovação além do que uma empresa de tecnologia mais tradicional faria. Esses exemplos são claros sobre não precisar só de capital e crédito para investir, e sim de recursos que podem ser colocados à disposição.
Trabalhar com startups permite acessar novas ideias, formas de pensar e abordagens para que empresas utilizem melhor os seus próprios recursos, ativos e tecnologia para obter maior impacto. No ambiente competitivo de 2025, ser ágil e investir em inovação é mais do que um diferencial – é uma necessidade. Empresas que abraçam parcerias com startups não só promovem a inovação, mas também garantem um futuro mais sustentável. A adoção de tecnologias emergentes, aliada à mentalidade ágil das startups, transforma negócios e cria um ecossistema no qual todos prosperam. Ao priorizar a inovação e agilidade, as empresas estarão prontas para liderar os mercados e enfrentar os desafios do futuro.