Inovação aberta
Inovação aberta. Foto: Canva

Por Amanda Andreone, Country Manager da Genesys no Brasil*

Estamos vivendo um momento em que inovação parece ser sinônimo de tecnologia. Todos os dias, surgem novas soluções, plataformas e promessas de transformação. No entanto, quanto mais ferramentas temos à disposição, mais claro fica que a vantagem competitiva não está apenas em escolher a “tecnologia certa”, mas em orquestrar um ecossistema que funcione de forma inteligente e integrada.

Como sempre digo, não é possível ter tudo. Nenhuma empresa dominará todas as tecnologias, nem deveria tentar. O desafio da liderança moderna está em outro lugar: construir conexões entre pessoas, processos e sistemas capazes de gerar valor real e sustentável. A verdadeira questão é: sua empresa está integrando essas dimensões ou apenas acumulando soluções desconectadas?

Em um cenário em que a inteligência artificial ganha protagonismo, as empresas brasileiras buscam aplicações que entreguem retornos rápidos e tangíveis. O estudo “Os Principais Desafios na Adoção de IA no Brasil”, realizado pela TI Inside em 2025, mostra que 59% das organizações já usam ou planejam usar IA em atendimento ao cliente e marketing, áreas onde os ganhos de eficiência são mais imediatos. Ainda assim, 41% afirmam não ter métricas definidas para avaliar o sucesso desses projetos, e um terço admite ainda não ter alcançado benefícios concretos. Essa combinação revela um ponto crítico: a tecnologia avança mais rápido do que a capacidade das empresas de integrá-la estrategicamente. Adotar rápido é fácil; o verdadeiro desafio é garantir que cada nova ferramenta sirva a um propósito claro e mensurável.

Orquestração, portanto, é o verdadeiro diferencial. Significa enxergar a tecnologia como um meio, e não como um fim. Trata-se de entender que automação e inteligência artificial são poderosas, mas só geram impacto real quando inseridas em uma estratégia mais ampla, que conecte pessoas, dados, experiência e propósito. Talvez a pergunta mais importante não seja “Qual tecnologia devemos adotar?”, mas sim, “Qual problema humano ou de negócio estamos realmente tentando resolver?”

Nosso papel como líderes é justamente esse: criar ambientes colaborativos em que a inovação emerge da interação. Isso significa estimular o diálogo entre diferentes áreas e parceiros, incentivar a experimentação e, acima de tudo, garantir que todas as partes do ecossistema estejam alinhadas e tocando a mesma música. A responsabilidade por essa orquestração está na liderança não apenas na gestão da tecnologia, mas na construção de uma cultura que a conecte ao propósito do negócio. Não basta que o time de tecnologia saiba integrar sistemas; a organização precisa compreender o valor estratégico por trás de cada decisão.

No contexto brasileiro, essa missão se torna ainda mais desafiadora e mais promissora. O país vem se destacando pela rápida adoção de novas tecnologias e pela abertura a soluções digitais inovadoras. É um terreno fértil para testar, ajustar e expandir modelos de negócio, o que reforça a importância de equilibrar velocidade e consistência, ambição e propósito. Em inovação, mover-se rápido importa, mas saber para onde se está indo é essencial.

A próxima fronteira da inovação não estará com quem tem mais ferramentas, mas com quem consegue fazê-las trabalhar em harmonia para destacar seu potencial. As empresas que dominarem essa orquestração serão as que se destacarão nos próximos anos. No fim, a verdadeira maturidade digital não está na quantidade de tecnologias implementadas, mas na forma como elas se conectam para servir a um propósito claro e significativo.