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Inteligência artificial aumenta atratividade de startups nos fundos

O uso de inteligência artificial deve estar no centro das estratégias de startups que queiram atrair fundos de investimento

Diretora de fundos VC da Invest Tech, Viviane Radiuk, explica porque startups que utilizam IA estão na mira dos fundos de investimento | Foto: divulgação
Diretora de fundos VC da Invest Tech, Viviane Radiuk, explica porque startups que utilizam IA estão na mira dos fundos de investimento | Foto: divulgação


*Por Viviane Radiuk, diretora de fundos VC na Invest Tech

Em um momento em que o cenário macroeconômico, com altas taxas de juros, é mais do que desafiador, a captação de recursos não tem sido uma tarefa fácil. Ainda assim, alguns perfis de negócio têm se mostrado especialmente atraentes mesmo em meio a esse contexto adverso. Quando se fala em empresas de tecnologia e inovação, novos negócios baseados em inteligência artificial (IA) surgem como apostas promissoras para novos investimentos, já que oferecem soluções que aumentam a produtividade e a eficiência de outros negócios.

Além disso, a IA tem sido vista como uma possível força de compensação e equilíbrio para a economia global. Diante da persistente inflação na Europa e nos Estados Unidos – este último também enfrentando o desafio de equalizar sua dívida pública e taxa de juros – e da escassez de mão de obra em escala global, há uma expectativa de que o aumento de produtividade impulsionado pela tecnologia possa mitigar estes fatores, o que, por sua vez, fomenta o mercado.

No campo científico, os avanços em inteligência artificial têm sido reconhecidos mundialmente: 

  • em 2024, Demis Hassabis e John Jumper, da Google DeepMind, receberam o Nobel de Química pelo uso da IA na predição de estruturas de proteínas, transformando áreas como a descoberta de medicamentos e biotecnologia;

Na prática, as startups baseadas em IA têm se mostrado mais ágeis que grandes corporações, desenvolvendo soluções para nichos específicos e otimizando processos em diversas áreas. Essa tendência é refletida em dados do Sebrae Startups – Founders Overview 2024, que apontam que 80% das startups brasileiras já utilizam IA, seja para automação de processos ou para gerar insights de negócio, sendo edtechs, fintechs, empresas de economia verde e de agricultura as que mais adotam a tecnologia.

Entre as aplicações de IA, destacam-se: 

  • análise de dados (27,4%); 
  • automação de processos (24,8%);
  • otimização de marketing (18,5%);
  • e personalização da experiência do usuário (16,4%). 

Além disso, 60% dos empreendedores relatam aumento no interesse de investidores por empresas que integram inteligência artificial em seus modelos de negócio. Mas, para atrair investimentos, no entanto, não basta adotar IA. Escalabilidade e a capacidade de resolver problemas reais são cruciais. Segundo o State of AI Report 2024, o valor somado das empresas globais de IA atingiu US$ 9 trilhões, com startups de IA escalando receitas mais rapidamente que as empresas tradicionais de SaaS.

Enquanto as empresas de IA alcançam, em média, US$ 30 milhões em receita anual em apenas 20 meses, as de SaaS levam aproximadamente 65 meses para atingir o mesmo marco. Além disso, startups de IA fundadas desde 2020 estão atingindo US$ 1 milhão em receita em apenas 5 meses, em média, contra 15 meses para startups de SaaS. 

De acordo com um dos autores da pesquisa, é evidente que a IA não é uma bolha, como alguns ainda afirmam. Para eles: “as tecnologias de ‘bolha’ do passado tinham pouca receita para mostrar e meios limitados de alcançá-la. Elas não estavam sendo usadas por 62% das empresas da lista Fortune 500 como a IA está agora”. 

Todos esses avanços indicam que, daqui em diante, a IA continuará a escalar por meio de startups apoiadas por investimentos de Venture Capital. O potencial de crescimento dessas empresas as torna altamente atrativas, e os resultados obtidos até agora destacam a oportunidade de retornos significativos.