
*Por Mara Scarpini, CEO da MK Solutions
A transformação organizacional e digital tem se consolidado como um fator determinante para o sucesso das empresas no cenário contemporâneo. E a liderança feminina, por sua vez, vem desempenhando um papel essencial nessa jornada disruptiva.
Ao combinar visão estratégica, inteligência emocional e uma abordagem colaborativa, diferentes pesquisas já demonstram como mulheres em posições de liderança estão redefinindo a maneira como organizações enfrentam desafios e impulsionam a inovação. E essa mudança não apenas reforça a equidade, mas também evidencia o impacto positivo da diversidade de gênero nos resultados corporativos.
Nesse sentido, o estudo Why Diversity Matters da McKinsey apontou que empresas com maior diversidade de gênero têm 15% mais chances de superar aquelas que não adotam essa prática. Em segmentos que demandam constante inovação, a diversidade se traduz em soluções mais criativas e uma maior adaptabilidade às demandas do mercado.
No entanto, mesmo com os avanços alcançados, os desafios para a liderança feminina permanecem significativos, especialmente em setores como tecnologia, energia e infraestrutura, onde menos de 20% das posições de liderança são ocupadas por mulheres, de acordo com o Fórum Econômico Mundial.
Apesar desse panorama, mulheres líderes têm mostrado resultados significativos ao conduzirem transformações organizacionais. Sua capacidade de equilibrar habilidades técnicas com inteligência emocional cria um ambiente propício à colaboração, engajamento e inovação.
Ao adotarem uma abordagem centrada em pessoas, essas líderes implementam mudanças estruturais nas empresas e promovem uma cultura inclusiva e resiliente, essencial para enfrentar as constantes mudanças do mercado, fato que demonstra que a diversidade no alto escalão é um diferencial competitivo.
Além disso, a presença feminina na liderança tem sido associada a melhores resultados financeiros. Outro estudo da McKinsey revelou que 55% das empresas com maior diversidade de gênero apresentaram desempenhos operacionais superiores à média do setor.
Avanços e desafios na liderança feminina
Apesar do progresso registrado nos últimos anos, ainda há muito a ser feito para aumentar a presença feminina em posições de liderança. No Brasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) destacou que a participação de mulheres em cargos de chefia cresceu de 35,7% em 2013 para 39,1% em 2023.
No entanto, segmentos tecnológicos continuam a enfrentar uma grande disparidade de gênero. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) mostram que apenas 12,3% das posições de liderança no setor são ocupadas por mulheres, enquanto os homens dominam 83,3% do mercado.
Outro obstáculo significativo é a desigualdade salarial. De acordo com o IBGE, mesmo possuindo maior nível de escolaridade, as mulheres recebem, em média, 21% a menos do que os homens. No setor de tecnologia, isso é agravado pelo preconceito de gênero, que questiona a competência técnica das profissionais, limitando suas oportunidades e reconhecimento.
Ainda assim, há sinais de progresso. Entre 2015 e 2022, o CAGED registrou um aumento de 60% na participação feminina no setor de tecnologia. Esse crescimento evidencia a determinação das mulheres em ocupar espaços historicamente dominados por homens, apesar das adversidades.
A pluralidade como combustível para a inovação
A diversidade desempenha um papel crucial na promoção da inovação e no sucesso empresarial. Equipes compostas por profissionais de diferentes origens e perspectivas têm maior capacidade de gerar ideias criativas e solucionar problemas complexos.
No setor de tecnologia, essa diversidade é ainda mais relevante, pois contribui para a criação de produtos e soluções que atendem a uma base de consumidores global e diversificada.
Além disso, o aumento da presença feminina na tecnologia pode aumentar a diversificação de habilidades técnicas, melhorar a produtividade e impulsionar o crescimento econômico. A inclusão de mais mulheres no setor, porém, exige esforços concretos das empresas.
As empresas devem desempenhar um papel ativo ao oferecer programas de qualificação voltados para mulheres e criar políticas inclusivas que promovam igualdade de oportunidades. Iniciativas como comitês de igualdade de gênero, programas de mentoria e metas de diversidade podem acelerar o processo de inclusão.
Em suma, a liderança feminina tem mostrado um grande potencial para transformar não só as organizações, mas também a sociedade como um todo. Ao trazer à tona habilidades estratégicas para o mercado contemporâneo, mulheres líderes estão se tornando agentes de mudança e mostrando que a diversidade é um caminho tanto para a equidade quanto para o crescimento e a inovação.