*Guilherme Tossulino é sócio da Questum
No dinâmico cenário das empresas de tecnologia, M&A não é apenas uma transação, mas uma jornada de complexidades e desafios que exige uma base sólida de confiança. Esse processo demanda uma análise robusta de governança, negócios e finanças, assim como uma sólida construção de confiança entre as partes envolvidas. Tanto do ponto de vista do comprador quanto do vendedor, um elo forte e uma relação transparente são fundamentais para o sucesso da transação.
Para o comprador, a confiança se traduz em clareza e honestidade desde o primeiro contato. A criação de uma relação baseada na confiança começa com a comunicação assertiva e transparente. Quanto mais claros e definidos forem os objetivos e os próximos passos entre os acionistas, mais fluido será o processo. Alinhar as expectativas é crucial – entender o valuation, os passos subsequentes e a quantidade de informações necessárias permite que ambos os lados sigam alinhados.
Vale ressaltar que a transparência não só facilita a diligência do processo, mas também permite que o comprador sinta mais segurança na transação. Um comprador informado é capaz de tomar decisões mais rápidas e eficazes, minimizando riscos e potencializando o valor do negócio. Assim, a clareza na comunicação pode revelar potenciais problemas antes que se tornem insuperáveis, permitindo soluções proativas e colaboração.
Do lado do vendedor, é essencial encontrar no comprador alguém que demonstre transparência e responda prontamente às dúvidas. Na diligência reversa – onde o vendedor também investiga o comprador – deve ser uma prática comum. É fundamental que o vendedor se sinta seguro e confiante, sabendo que suas preocupações serão tratadas com seriedade e que o outro está preparado para enfrentar desafios no processo de M&A.
A preparação meticulosa é a chave para o sucesso: um vendedor bem informado e organizado não apenas esclarece dúvidas, mas também traça um caminho claro para os próximos passos. A falta de preparação pode levar a processos oportunísticos, onde as empresas crescem menos e os resultados são menos satisfatórios.
Construindo um elo de confiança
A construção de uma relação de confiança começa com a definição clara dos objetivos e expectativas de ambos os lados. Saber o que se espera da transação, tanto em termos de valuation quanto de passos futuros, cria um terreno comum onde todos estão cientes de suas responsabilidades e metas.
Definir como o processo de M&A será conduzido é outro passo crucial. Ter respostas para perguntas como – Quem será o interlocutor principal? Quem são os responsáveis por cada etapa? – ajuda a definir papéis, evita sobreposições e garante que a comunicação seja eficiente. A confiança no assessor ou intermediário que está auxiliando neste processo também é fundamental, pois ele atua como um elo que mantém todas as partes informadas e alinhadas.
A jornada pode parecer longa e exaustiva, com diversas decisões difíceis, mas é vital para o futuro do negócio e muitas vezes da vida dos empreendedores. Entender que problemas e complexidades são inevitáveis ajuda a abordar essas questões com uma mentalidade de resolução, promovendo uma negociação mais fluida.
O processo de M&A, apesar de repleto de desafios, pode ser uma verdadeira alavanca de oportunidades quando compradores e vendedores estabelecem uma relação de confiança sólida. Essa confiança mútua tem o poder de converter dificuldades em crescimento significativo para ambas as partes. A chave para um M&A bem-sucedido reside na comunicação assertiva e transparente, na preparação meticulosa e na clara definição de papéis e expectativas.
Quando todos os envolvidos se comprometem a discutir e resolver conflitos de forma aberta e colaborativa, o processo se torna mais harmonioso e os resultados, significativamente mais satisfatórios. Em última análise, é essa confiança construída pacientemente, passo a passo, que não só impulsiona o sucesso, mas também assegura a longevidade das transações.