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Meios de pagamentos do futuro: Como a inovação e a análise de dados estão redefinindo o setor

Inovação e análise de dados são o futuro dos meios de pagamentos. Descubra como as fintechs estão atendendo a consumidores e varejistas

Thomas Barth, COO do iFood Pago
Thomas Barth, COO do iFood Pago (Foto: Divulgação)

Por Thomas Barth, COO do iFood Pago*

Seja no varejo, na saúde ou em qualquer mercado, até mesmo no mercado financeiro, é essencial realizar a análise do comportamento do consumidor para a criação de novos produtos,  pois esta etapa é fundamental para entender a melhor estratégia. A digitalização da economia é impulsionada pelo avanço desta mentalidade, especialmente com as soluções desenhadas pelas fintechs, que contribuem para o futuro dos meios de pagamentos ao criar ecossistemas eficientes e personalizados, delineados pelo comportamento dos consumidores e suas preferências atuais.

Como setor cada vez mais competitivo e em transformação, é preciso avaliar e entender o que o público busca em sua rotina financeira para, então, proporcionar experiências positivas e em linha com seus anseios. Neste contexto e diante da evolução da tecnologia, observamos a criação e uso de novos meios de pagamento, como: carteiras digitais, pagamento via PIX, QR Code, NFC, entre outros.

Estamos vivenciando uma verdadeira revolução nos meios de pagamento. Nesta jornada, acompanhamos a chegada do PIX – implementado pelo Banco Central em 2020 – que tornou-se referência global em pagamentos virtuais. Por ser uma solução que leva mais praticidade e facilidade para a vida das pessoas, a inovação foi aceita rapidamente.

Um estudo recente realizado pela consultoria PwC Brasil em parceria com a Associação Brasileira de Instituições de Pagamentos (ABIPAG) mostra a ampla penetração deste meio de pagamento ao apontar que, em 2023, atingiu a marca de R$ 17 trilhões em Volume Total de Pagamentos (TPV) e uma média superior a 3 bilhões de transações mensais.

Além disso, o pagamento via QR Code segue cada vez mais presente na vida das pessoas, mesmo que sua parcela de utilização em meios de pagamentos ainda seja incipiente, quando comparada aos outros instrumentos. Seu impulsionamento vem das soluções de pagamento na palma da mão, realizadas por meio de celulares, smartwatches e outros dispositivos que permitem a adesão de e-wallets, que nada mais são do que carteiras digitais. 

No futuro, os pagamentos serão realizados sem precisar de qualquer objeto para que a transação ocorra – seja cartão, celular ou outro dispositivo – pois o próximo passo é a biometria em uma combinação visual e comportamental analisada por Inteligência Artificial. Isso tudo irá aumentar os níveis de segurança para altos patamares, sendo esta uma grande preocupação das pessoas e empresas quando falamos sobre meios de pagamentos.

Praticidade, personalização e I.A para o varejo

Do outro lado do balcão, varejistas também buscam meios que facilitem a gestão de seus negócios. Uma prática que já se provou efetiva é justamente a análise dos dados do consumidor, respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o que abre oportunidades para auxiliar as instituições financeiras a cocriar soluções de pagamento, conforme o hábito do seu público.

O fato é que quem souber interpretar essas informações sai na frente. Este empreendedor será capaz de oferecer os melhores produtos e serviços. 

Essa análise ainda abre caminho para a integração entre o online e o físico. Um dono de restaurante, por exemplo, que possui um POS (point of sale) de recebimento de pagamentos com inteligência de dados, já consegue analisar o consumo dos seus clientes para disponibilizar itens do cardápio ou promoções de atração e fidelização. Além disso, plataformas de pagamento podem usar o histórico de compras no ambiente para oferecer recompensas ou sugestões de economia, sendo não apenas um método, mas uma ponte entre o cliente e o estabelecimento.

Outro ponto que não pode ficar de fora quando falamos sobre tecnologia e inovação em pagamentos é a Inteligência Artificial. Assim como qualquer ferramenta, é necessário saber utilizá-la e, mais do que isso, empregar seu uso de forma positiva. Além de melhorar a experiência do usuário, a I.A também tem sido utilizada para aumentar os níveis de proteção, podendo monitorar padrões de transações e detectar atividades suspeitas em tempo real. Esta tecnologia pode facilitar os já citados pagamentos biométricos, realizados por reconhecimento facial ou comandos de voz,  algo que já acontece em alguns países.

Em prol da autonomia e flexibilidade, os consumidores procuram por soluções que ofereçam múltiplas opções de pagamento, integração entre serviços e liberdade de movimentação financeira. Do lado do varejista, outras demandas incluem soluções que auxiliem na análise dos dados dos clientes, além de ferramentas que os ajudem na gestão do fluxo de caixa e das finanças como um todo.

Os neobancos têm observado essa demanda e desenham soluções que vão além dos modelos tradicionais bancários, que costumam ser engessados, com baixa visibilidade de segmentos e pouco ágeis. Desta forma, a conclusão é que ao compreender os comportamentos de consumo, investir em tecnologias e práticas que reflitam essas demandas, as instituições financeiras se tornam ainda mais preparadas para as muitas mudanças que vivemos no presente e as que ainda chegarão no futuro, especialmente no que diz respeito aos meios de pagamentos.


*Thomas Barth é Chief Operating Officer do iFood Pago, e liderou o projeto de criação da fintech e de seus produtos financeiros nos últimos anos. Está há 8 anos na operação do iFood, já tendo atuado ainda na Movile como Diretor de Fintechs e como Head of Payments, além de Chief Financial Officer e Chief Executive Officer na MovilePay.