*Renan Schaefer é co-fundador da ExFin Advisory
O mercado de venture capital (VC) começou a se desenvolver no Brasil durante as privatizações dos anos 1990. Desde então, tem crescido significativamente, gerando diversos unicórnios, como Nubank, iFood, Stone, Loft e Quinto Andar – startups avaliadas em pelo menos US$ 1 bilhão antes de abrirem seu capital na bolsa de valores.
Durante a pandemia de Covid-19, os investimentos em VC foram impulsionados pela injeção de liquidez dos bancos centrais e pela redução das taxas de juros, levando a um aumento de startups, unicórnios e valuations elevados entre 2020 e 2022. Esse cenário reflete a busca por rendimentos maiores diante de juros baixos e abundância de liquidez, impulsionando o crescimento do mercado de capitais.
Com o aumento das taxas de juros e a compressão dos múltiplos de valuation das empresas, o mercado de VC enfrentou um ajuste. Os investidores, que anteriormente baseavam-se em altos múltiplos para projetar retornos de investimentos em estágios iniciais, viram o potencial de saídas lucrativas via IPO diminuir. Isso levou a uma retração do mercado, com empresas captando fundos em valuations mais baixos, conhecidos como “downrounds”, e a redução das oportunidades de liquidez para IPOs, gerando a necessidade de financiamento das empresas via outros mecanismos, como por exemplo, estruturas via mercado de capitais.
As empresas, diante desse cenário de contração, buscaram fontes alternativas de financiamento além do equity, como crédito bancário e operações estruturadas via mercado de capitais. Com o amadurecimento do mercado de capitais no Brasil vêm trazendo cada vez mais opções de financiamento, que cada vez mais adaptam-se às necessidades das empresas, seja para necessidades de capital de giro, financiamento de fusões e aquisições, investimentos em inovação, marketing, ajuste de captable, dentre outras.
A cultura brasileira, historicamente é avessa à dívidas devido a traumas econômicos passados, mas vem se adaptando a uma estrutura de capital mista, combinando equity e dívida. Isso permite às empresas manterem-se capitalizadas e continuarem investindo, sem se diluírem excessivamente em sucessivas captações de recursos, garantindo uma maior retenção de participação acionária pelos empreendedores.
O mercado de capitais no Brasil vem passando por uma transformação, com o surgimento de produtos financeiros inovadores e fintechs especializadas. Grandes bancos e fundos de investimento têm adaptado seus produtos às necessidades do mercado, incluindo startups que, anteriormente, enfrentavam dificuldades em acessar crédito. Produtos como o financiamento baseado em receitas (Revenue Based Financing), o Venture Debt e soluções estruturadas são exemplos dessa adaptação, oferecendo suporte financeiro diversificado para as empresas.
Em resumo, o ecossistema de VC e o mercado de capitais no Brasil estão em constante evolução, fornecendo aos empreendedores uma gama cada vez maior de opções para financiar seus negócios sem depender exclusivamente de rodadas de investimento que diluem sua participação acionária.
Esse desenvolvimento tem gerado benefícios tanto para os empreendedores quanto para os investidores, promovendo um equilíbrio saudável na estrutura financeira das empresas e incentivando a inovação e o crescimento econômico. Para mais detalhes e informações sobre como o mercado de capitais pode ajudar sua empresa a crescer, clique aqui.