* Por Mauricio Sirotsky Neto, sócio-fundador da RBS Ventures e sócio-diretor da Maromar Investimentos
Sou questionado com frequência por amigos que estão em dúvida sobre a paternidade, se ser pai é mesmo tudo aquilo que as pessoas falam. Além de tentar contar sobre um amor, quase inexplicável, que começa antes mesmo do primeiro ultrassom e só cresce, respondo que os filhos nos tornam pessoas e profissionais melhores.
Isaac e Serena me provam isso todos os dias. Desde que descobri que eles viriam, fui tomado por uma mistura de preocupação, responsabilidade e por um amor que aumenta exponencialmente e que me faz refletir sobre como construir um mundo melhor para eles viverem.
Embora muitos acreditem que os compromissos profissionais tomam tempo da convivência familiar, eu não tenho encarado dessa forma. O trabalho é parte fundamental da minha vida, ele me traz realizações, aprendizados, oportunidades de ajudar outras pessoas a se desenvolverem e, por meio dele, busco ser um exemplo para os meus pequenos. Com isso, procuro ensinar meus filhos pelo meu próprio exemplo.
Trabalhar é fazer acontecer, como eu gosto de dizer, e para isso é necessário tomar decisões diariamente. Sempre que me pego diante de uma decisão importante, me questiono se meus filhos teriam orgulho de mim pela escolha tomada. Se a resposta for sim, eu sigo.
Um dia, quando eu ainda não tinha filhos, um amigo me contou que ele colocava compromissos na sua própria agenda cujo tempo era destinado a acompanhar seu filho em algumas atividades. Depois, ele voltava para o escritório para cumprir sua rotina profissional. Achei aquele relato tão especial, aquela reflexão ficou na minha cabeça.
Além de dividir com minha esposa, Bia, os cuidados do cotidiano da paternidade, que incluem trocas de fralda, idas ao pediatra, banhos, almoço, jantar e historinhas na hora de dormir, tenho colocado essa lógica em prática sempre que possível.
Muitas vezes já reservei uma hora do meu dia para levar meus filhos na natação ou no judô, por exemplo. Depois disso, retomo a rotina profissional de gestão dos nossos negócios e avaliação de novas oportunidades de investimento. Ao ver aqueles olhinhos brilhando com a minha presença, volto para o escritório com ainda mais vontade de produzir.
Uma vez, meu filho Isaac, de 3 anos, me perguntou: “papai, por que você trabalha?”. A resposta automática seria algo como: “para pagar as contas” ou algo nessa linha. Porém, antes de responder, lembrei de um vídeo que vi do escritor Marcos Piangers, no qual ele abordava o tema, e a minha resposta foi diferente: “meu filho, o papai trabalha para ajudar as pessoas. Aliás, todo mundo trabalha para ajudar alguém. Cada um ajuda de um jeito diferente”. A partir dessa frase, comecei a explicar para ele como funcionam as profissões e como elas se complementam.
Eu tenho prazer de cuidar dos meus filhos, desde trocar fraldas, colocar para dormir, fazer negociações intermináveis para ajudá-los a escolherem os melhores alimentos e de brincar pela casa fantasiado de super-herói – no meu caso, sempre como Hulk, o preferido do Isaac.
Aos pais que aqui me leem, se a profissão permitir, encontrem espaço nas suas agendas. Para aqueles que não podem escapar no meio da jornada, busquem tempo de qualidade com seus filhos no final do dia, fins de semana, ou a qualquer momento que se encontrarem.
Tentem equilibrar a vida pessoal sem deixar a peteca cair na vida profissional. Eu garanto: vai valer a pena! Tenho convicção de que um pai presente muda tudo e cada vez mais acredito que compartilhar momentos cotidianos com meus filhos me faz uma pessoa e um profissional melhor.