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Na disputa das contas, ganha quem entrega mais que conveniência

Verdadeira batalha é por se tornar a primeira conta a que o usuário recorre para pagar, receber, investir e consumir no dia a dia

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Fintechs
Fintechs. Foto: Canva

*Por Luiz Landgraff, presidente da 99Pay

O cenário das contas digitais no Brasil tem evoluído a passos largos, acompanhando o desenvolvimento do setor financeiro. O surgimento de diferentes instituições, com os mais diversos produtos e soluções à disposição do público, contribuiu não apenas para o acesso descomplicado da população a serviços financeiros, mas também deu origem a uma disputa acirrada entre bancos e fintechs para se tornar a conta principal de seus clientes. 

Para compreender essa competitividade, é preciso analisar o atual momento do setor financeiro no país. O estudo “Experiência Digital”, realizado pela idwall este ano, aponta que quase 94% da população brasileira é bancarizada, com uma média de 6,38 contas por pessoa. Ainda segundo a idwall, apenas nos últimos cinco anos, o acesso a serviços bancários cresceu 10,6%. Outro estudo, promovido pela Visa em 2025, reforça esse cenário ao indicar que o brasileiro conhece, em média, 22 instituições financeiras, considera abrir conta em 11, mas é de fato cliente de apenas 5.

O contato do brasileiro com múltiplas contas e instituições já demonstra o quão acirrada é a busca pela principalidade. Essa disputa se torna ainda mais desafiadora ao considerarmos que, atualmente, o Brasil conta com mais de 1.800 instituições financeiras reguladas pelo Banco Central, aptas a oferecer diferentes produtos e serviços à população. Esse surgimento de diferentes players acompanhou o desenvolvimento e popularização de recursos que revolucionaram o setor, como o Pix e o open finance, que ampliaram o horizonte de soluções financeiras oferecidas aos usuários. 

Diante de um cenário tão complexo e amplamente competitivo, a verdadeira batalha se torna pela principalidade, ou seja, se tornar a primeira conta a que o usuário recorre para pagar, receber, investir e consumir no dia a dia. E as fintechs assumem um papel estratégico na busca por essa preferência. Ainda segundo o estudo da Visa, no Brasil, 45% dos consumidores têm uma fintech como banco principal. Para essas empresas, a conquista da preferência do usuário não se limita a uma experiência fluida em aplicativos ou a benefícios como cashbacks. Esses fatores são importantes, mas é fundamental compreender o cliente e antecipar suas necessidades, transformando lacunas deixadas pelo mercado e por outras instituições financeiras em oportunidades.

Há muitas formas de lidar com esse desafio, um exemplo é a oferta de crédito, disponibilizada por diversas instituições. Entretanto, aquelas capazes de analisar dados comportamentais dos clientes para direcionar ofertas com taxas competitivas saem na frente. A lucratividade é outro ponto importante na busca pela fidelização: o cliente quer ver seu dinheiro crescendo todos os dias, inclusive aos finais de semana, e busca por contas capazes de proporcionar maior retorno com o máximo de segurança. No setor financeiro atual, o protagonismo é obtido por instituições capazes de oferecer múltiplos serviços de uso diário que se complementam entre si. Desde a possibilidade de pagar contas, pedir corridas em carros de aplicativo, pedidos de delivery, até investir ou solicitar crédito de maneira rápida e descomplicada.

Em um setor com inovações constantes, é difícil prever quais serão as próximas transformações e tendências do mercado. No entanto, ao observarmos os últimos avanços, é possível afirmar que a conquista da principalidade seguirá um desafio que deve ser endereçado por meio da proximidade com os clientes, da oferta de produtos e soluções personalizadas que atendam às necessidades do dia a dia. Porque, no fim, quem ganha com essa disputa é o usuário, que terá cada vez mais liberdade de escolha e mais ferramentas para cuidar do seu dinheiro.