*Arthur Guttilla atua desde 2016 no mercado de startups e inovação
Na última semana, aconteceu no Vale do Silício a edição da Tech Week em São Francisco. O evento contou com a realização da a16z (Andreessen Horowitz), um dos principais fundos de venture capital do mundo, e trouxe insights relevantes sobre o momento presente e o futuro próximo do ecossistema de startups e tecnologia.
Vale destacar que empreendedores e investidores do mundo inteiro visitam a cidade ao longo desse período, única e exclusivamente para participar desse evento. Ao longo desses dias, tive reuniões, eventos e conversas dentro de empresas como Anthropic, Google, Microsoft, Amazon, Neuralink, Silicon Valley Bank, a16z, Y Combinator.
Aqui estão cinco destaques sobre o que foi falado durante esses dias.
Empresas de IA são as novas Big Techs
Se há alguns anos Google, Facebook e Amazon eram os destinos mais desejados por
jovens talentos, hoje, empresas que lideram o movimento de IA estão tomando seu lugar.
Em todos os sentidos, mas destaco a atração de talentos.
O desejo é muito semelhante ao que ocorria há mais de 10 anos: estar em um lugar que pague bem, que está transformando o mundo e onde os jovens se sintam valorizados.
Há muita inspiração das empresas de IA do Vale do Silício nas tradicionais Big Techs. No entanto, as piscinas de bolinha e ping pong têm dado lugar ao bubble tea e jardins verticais, adaptando o escritório para o gosto dos jovens modernos.
Apesar disso, as empresas seguem com uniformes descolados – com cores mais neutras; banheiros equipados com todos os aparatos e muitos stickers na contra tela do computador.
Nomes como Anthropic e OpenAI são os lugares “cool” para se trabalhar. As tradicionais FAANGs (Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google) estão passando por um momento semelhante ao posicionamento da IBM, HP e outras gigantes no início dos anos 2000. A revolução está em andamento, e os novos líderes são as empresas de IA.
Um momento único na história da tecnologia
Comparações com o início dos anos 2000, quando a internet estava em seus estágios
iniciais, são inevitáveis. Estamos em um momento que muitos acreditam ser único na
história da tecnologia, e isso está motivando uma nova onda de empreendedores.
Não é incomum ver pessoas bem-sucedidas e já estabelecidas retornando ao empreendedorismo, acreditando que agora é o momento certo para apostar novamente, mesmo com uma economia desfavorável, devido ao cenário econômico de taxa de juros alta. Um exemplo marcante foi o de um homem de 70 anos que, após uma carreira de sucesso, decidiu retornar ao empreendedorismo justamente por reconhecer esse cenário favorável e único no campo de IA.
Inteligência artificial não é hype, é segurança nacional
A IA já é uma realidade no Vale do Silício. Não está sendo parecido com o que ocorreu no ciclo da blockchain e metaverso. O assunto está em outro nível de seriedade, sendo tratado como uma possível guerra fria com outras potências globais, como a China.
Existem muitos empreendedores e empresas talentosos desenvolvendo projetos realmente relevantes e úteis. Sejam soluções privadas ou para o governo, eles não enfrentam escassez de capital – com investidores anjos, VCs e grandes fundos institucionais apoiando. Soluções de IA estão sendo aplicadas em diversos setores, e a crença (ou certeza) é que essas inovações terão um impacto global nas próximas décadas.
Do papel para o teste em poucos dias
No Vale do Silício, os projetos de inteligência artificial estão rapidamente passando do
papel para o teste. O ambiente está propício através de mão de obra qualificada,
popularização e facilidade de aplicação dos LLMs e modelos de IA e os investimentos
acelerados.
Muitas ideias são financiadas simultaneamente, mesmo com investimentos
menores. O modelo “spray and pray” — onde os VCs investem em uma ampla gama de
projetos com a expectativa de que alguns se tornem futuros líderes — parece ser mais
coerente nesse momento de tantas incertezas. Isso está resultando em uma explosão de
novas empresas e soluções sendo testadas, das mais simples às mais complexas e
malucas. O ritmo está frenético.
O clima vibrante está de volta ao Vale
O Vale do Silício continua sendo o epicentro da inovação que molda o mundo. O clima no
local lembra muito o período entre 2013 e 2017. A sensação de estar no centro de algo grandioso é palpável no cotidiano de São Francisco e redondezas da baía, incluindo as
renomadas Stanford e Berkeley.
Empreendedores estão motivados, investidores estão otimistas, e novas tecnologias estão sendo testadas a todo vapor. O Vale continua sendo o lugar onde grandes ideias nascem, e a sensação de que estamos vivendo uma nova era de ouro para a tecnologia é inegável. Me parece que este raio de 40 milhas, apesar dos últimos conturbados anos, está no caminho para continuar sendo o principal polo de inovação global, bem como continuar detendo um percentual relevante do volume de transações financeiras globais.