Artigo

Open Finance para crédito: muito além da concessão

Entender a fundo o comportamento financeiro do solicitante traz muitos benefícios, incluindo a redução de fraudes

Foto: Canva
Foto: Canva

*Bruno Loiola é cofundador e CGO da Pluggy

Não é novidade alguma que o setor de crédito perde muito ao não considerar métricas além das tradicionais para determinar a qualidade de crédito. Por si só, as pontuações de crédito não mostram o quadro completo das finanças do solicitante. É uma relação perde-perde para empresas e usuários. Com o Open Finance, observamos melhoras significativas nesse cenário.

Conceder ou não crédito, desde os sumérios, depende apenas da confiança, o que muda a partir da possibilidade do compartilhamento das informações dos solicitantes é a maneira como os bancos validam o pedido. Hoje, isso é construído com dados, e desde o Open Banking temos retirado a assimetria informacional, fornecendo um escopo que reflete muito melhor a realidade do usuário final que um bureau de crédito sozinho, por exemplo.

Esses dados alternativos às pontuações podem criar maiores oportunidades de concessão a taxas mais baixas, expandir o acesso a crédito à população sem histórico tradicional e incluir mais pessoas aos serviços financeiros. A Gyra+, por exemplo, empresa de concessão de crédito para PMEs, aumentou em 50% sua concessão de crédito por utilizar os dados do Open Finance na análise.

Mas as oportunidades não se limitam apenas à concessão. Entender a fundo o comportamento financeiro do solicitante traz uma melhora significativa para os modelos de crédito, corroborando em muitos benefícios. A redução de fraudes é um deles. Muitos são os golpes que o setor de empréstimos está suscetível.

De acordo com estudo da Unico, quase metade (48%) das tentativas de fraudes de identidade no primeiro semestre deste ano envolveram clientes de fintechs. É por esse e por outros dados assustadores que a verificação de identidade é essencial no processo de aprovação. Além de cumprir os requisitos de Know-Your-Customer (KYC) de maneira mais efetiva, os efeitos na redução de fraudes são notáveis.

O interessante aqui é notar que alguns métodos de verificação de identidade funcionam melhor que outros para entregar tais resultados. Durante o processo, os credores revisam as informações fornecidas pelo solicitante do crédito, como nome, endereço, data de nascimento e números de identificação. Todas essas informações facilmente coletadas via compartilhamento de dados.

Além disso, o Open Finance entra como facilitador, já que por meio do compartilhamento de suas informações financeiras uma única vez, é possível realizar todos os pontos necessários para a concessão do crédito, agilizando a requisição, sem fazer com que o cliente tenha que tirar foto de diversos documentos.

Com os dados em mãos é hora de checar a renda. Historicamente, o processo envolvia a entrega de muitos documentos, como formulários, recibos ou extratos bancários. Com o Open Finance, esse processo é impensável daqui a alguns anos. Os clientes usarão suas credenciais de login para obter as informações necessárias para verificação de renda em segundos.

No final das contas, tudo é sobre experiência. Estudos recentes mostram que o atrito no processo de integração pode levar usuários a desistirem de um produto. De acordo com a pesquisa de consumidores Fintech Effect, 73% dos americanos dizem que a facilidade de inscrição afeta o uso ou não de um aplicativo. Além disso, 58% dizem ter desistido de se inscrever em um aplicativo quando o processo era muito complicado.

Por isso, quando usamos apenas um consentimento para coletar todos os dados necessários para o empréstimo, entregamos ao usuário final uma experiência sem fricções, facilitada e muito mais rápida. Segurança deve (e pode) andar lado a lado com uma experiência de qualidade.