*Paulo Sergio Justino é fundador e CEO da FCJ Venture Builder
Open Venture Builder corresponde a iniciativas que desenvolvem (“buildam”) startups que já existem no mercado (Open Innovation), em vez de “criar empresas do zero”, ou seja, são companhias que possuem fundadores, estão em processo de validação ou crescimento e atendem a uma dor real. Dessa forma, já passaram da concepção e criação e estão focadas na validação, no crescimento e na escala.
A grande questão a ser analisada é: faz sentido nos dias de hoje criar uma startup dentro da empresa ou de uma venture builder em um ecossistema global com centenas de milhares de empresas nascentes?
Quando o conceito de venture builder ou startup studio surgiu em 1996 fazia todo o sentido, visto que o ecossistema, naquela época, era incipiente e, ao aplicar o modelo de startup ou lean startup, reduzia-se a longa jornada de desenvolvimento de novos produtos e serviços, e ainda trabalhava o mindset em aceitar a falha como processo de inovação.
Venture builder é uma entidade especializada na criação e no desenvolvimento de startups. Também conhecida como “startup factory” ou “startup foundry”, difere de um modelo tradicional de incubadora ou aceleradora, pois é focada na concepção, na criação e no desenvolvimento interno de várias empresas ao mesmo tempo.
Precursores das venture builders
Tudo indica que a primeira iniciativa foi a Idealab. Sediada na Califórnia, sob a liderança de Bill Gross, a empresa acumula êxitos na criação de mais de 150 empreendimentos, incluindo 45 ofertas públicas iniciais (IPOs) e cinco unicórnios. Idealab abriu caminho para a entrada de novos participantes nos anos subsequentes. Um dos exemplos notáveis é a Rocket Internet, uma empresa alemã fundada em 2007 pelos irmãos Samwer.
Outro exemplo importante é a Betaworks, uma startup studio com sede em Nova York. Fundada em 2007, tem histórico de criação e investimento em várias companhias de tecnologia, incluindo empresas como Giphy, Dots e Chartbeat, porém o termo venture builder foi citado pela primeira vez pelo investidor-anjo Nova Spivack, em 2011, no momento em que a maioria dos elementos que o compõem ainda estava em gestação.
Inovação aberta como aliada
Associado ao fato de que existem milhares de startups no ecossistema global e de que o tempo para promover inovação tem reduzido significativamente, “time-to-market”, iniciar algo do zero até o seu lançamento no mercado se torna um cenário cada vez mais complexo. Outro fator crucial são as pessoas envolvidas; normalmente, na inovação interna, trata-se de colaboradores com apoio de “consultores” e não de empreendedores. Nesse sentido, há o consenso de que o time é fator de sucesso, criando inclusive o jargão mundial: “A aposta é feita no jóquei e não no cavalo”.
Nesse cenário, várias organizações têm buscado o modelo de inovação aberta como alternativa, porém nem sempre as startups que atendem a uma necessidade estão prontas, precisando ainda de um processo de amadurecimento (buildagem) tanto nos aspectos tecnológicos quanto de negócio e gestão, a fim de se tornarem efetivamente fornecedoras de uma empresa.
A inovação aberta é um conceito introduzido por Henry Chesbrough, que enfatiza a importância de não confiar apenas em recursos internos para impulsionar o setor. Em vez disso, as empresas devem se abrir para ideias, conhecimentos e colaborações externas, buscando ativamente parcerias e soluções fora de suas fronteiras organizacionais. O conceito reconhece que o conhecimento e a expertise não estão confinados às paredes da empresa e que a colaboração com outras partes interessadas pode trazer novas perspectivas e acelerar o desenvolvimento.
Open Venture Builder e Open Innovation
O Open Venture Builder, portanto, nada mais é do que a aplicação do conceito de venture builder em conjunto com o de inovação aberta, ou open innovation. Abaixo uma extensão do gráfico proposto por Max Pog, um dos mais completos trabalhos de startup studios dos últimos tempos.
Uma empresa, ao criar uma corporate venture builder, pode optar por fazer o modelo original de VB, criando um departamento ou mesmo uma nova organização para desenvolver venture (startups), ou pode optar por criar em um modelo de Open Venture Builder.
Para se ter ideia, atualmente, há mais de 50 iniciativas lançadas no Brasil e no exterior que operam com sucesso o modelo de Open Venture Builder.