*Eduardo Vils é fundador da fintech Justa
Quando alguém fala de extremos, usa como referência a segunda-feira e a sexta-feira, ou o pobre ou o rico, ou empresa pequena versus empresa grande. E onde ficam os medianos, como as PMEs? E é aí que mora o problema, a sociedade como um todo acaba dando atenção para um ou para o outro, enquanto os que estão no meio acabam esquecidos.
O processo é atávico e começa nas escolas. Em geral, lembramos dos extremos, de quem era mau ou ótimo aluno — lembro-me bem dos quem eram tanto um quanto o outro, e até de onde costumavam sentar-se na sala de aula. É importante deixar claro que tais classificações não significaram necessariamente um destino certo de fracasso ou sucesso, pois muitos desses ditos “maus alunos” são hoje muito bem-sucedidos em suas carreiras e alguns “ótimo alunos”, nem tanto, de acordo com certos parâmetros. Com as empresas acontece exatamente o mesmo, lembramos das grandes e das pequenas muito bem-sucedidas. Mas e as PMEs?
Com os programas e oportunidades, os maus alunos tinham vários tipos de ajuda, aulas de reforço e recuperação, ou seja, há iniciativas específicas para estes, já os melhores tinham o reconhecimento e, na maioria das vezes eram “premiados” com acesso a faculdades melhores. E na vida dos negócios a situação é bem similar.
Quando pensamos em classes socais, os menos favorecidos, de forma justa, têm acesso a programas assistenciais do governo e a serviços que buscam dar e trazer mais dignidade para suas vidas. Enquanto os mais ricos, por questões óbvias, têm acesso e podem pagar por serviços de muita qualidade, inclusive a linhas de crédito e financiamento que nem precisariam usar.
Já os da classe média e as PMEs, ficam no limbo, pois estão exatamente no meio do caminho, muitas vezes com anseios da classe de cima e ao mesmo tempo com dores mais próximas àquelas das classes menos favorecidas e, muito por conta disso, não conseguem as assistências e nem podem consumir os serviços premium.
Essas dores também se repetem nos negócios
Em geral, o governo e fornecedores de serviços financeiros — vou me ater mais neste aspecto —, desenvolvem suas ofertas e serviços para os extremos, para microempresas/MEI ou para grandes corporações, enquanto as pequenas e médias empresas têm que se adaptar a essas ofertas.
É muito comum, por exemplo, que, quando uma PME busca linhas de empréstimo e de crédito, as exigências de documentação e informações a elas pedidas sejam iguais às que se pedem para uma grande empresa, sejam estas certidões, balanços, DRE, relatórios auditados e outras burocracias e processos que uma PME não tem e nem faz a menor ideia de como ter.
Não à toa que a grande maioria das PMEs desiste, já na largada, de tentar uma linha de crédito por ver que não terá como fornecer tantas informações. Normalmente, os empresários cujas empresas necessitam de uma injeção de recursos recorrem a linhas de crédito na pessoa física que são, na maioria das vezes, mais caras, inclusive recorrendo aos famosos limites especiais com taxas que proibitivas para seus negócios.
O lado bom disso é que há novas iniciativas no mercado que tentam mudar a realidade das PMEs, como é o caso da Justa que, para gerar mais crédito para os médios negócios brasileiros, criou um score justo baseado em informações adequadas a esse universo e que são simples de captar e fornecer.
Hoje, as PMEs representam 30% do PIB, são responsáveis por algo como 80% dos empregos e só tem acesso a 7,5% dos créditos concedidos para CNPJ, ou seja, chegou a hora de corrigirmos essa distorção, gerando mais acesso a crédito para quem é, sem dúvida, uma das principais engrenagens do Brasil.
Na fintech Justa este movimento já é uma realidade, pois a empresa já concedeu milhões em crédito para PMES de várias regiões do Brasil, de forma mais eficiente, segura e justa. Não é um jogo de uns contra os outros, mas sim de COOPETIÇÃO, onde todos podem competir e cooperar para que existam soluções para todos, não apenas para os extremos. Bora fazer mais pela turma do meio!