*Renata Ferretti é CEO e fundadora da Kuke
Spin-off. Você talvez conheça essa palavra dos meios de entretenimento: sabe quando um seriado faz muito sucesso e então alguém cria outra série, focada em outros personagens, mas no mesmo universo? Essa analogia deixa fácil de entender. Trazendo para o mundo dos negócios, isso costuma ser um produto ou serviço novo derivado do core business da empresa. É exatamente sobre isso que estamos passando no momento atual da nossa startup: Kuke.
Quando fundei a Kuke, meu objetivo era claro: expandir e escalar. É uma premissa do mercado de startups, que foca em velocidade e inovação. Por isso, fez sentido desde o começo criar uma empresa de tecnologia. O foco dessa tecnologia, porém, estava voltada principalmente para o desenvolvimento dos nossos próprios serviços, no caso, o clube de assinaturas de “kit de ingredientes para o preparo de receitas” (conhecido no mercado mundial, fora do Brasil, como mercado de mealkits, que conta com grandes players internacionais como Hellofresh e outros). Trouxemos ao mercado brasileiro uma solução
inovadora do ramo de alimentação, sempre com uma experiência digital e de conteúdo, e a
tecnologia que tornou isso possível era nossa.
Com o tempo, vimos que havia uma oportunidade de escalar ainda mais, vendendo a própria tecnologia e não apenas o serviço que ela possibilita. Foi aí que surgiu o nosso spin- off. No nosso caso, foi uma maneira de aumentar o impacto que estávamos causando com o Clube Kuke. O propósito sempre foi que cada vez mais pessoas pudessem se alimentar melhor, conectar quem produz comida com quem consome, e trazer essa possibilidade a outros players do mercado é a maneira mais assertiva de conseguirmos.
Agora, a plataforma Kuke permite que empresas façam a gestão e jornada completa do desenvolvimento de produtos até a entrega dos pedidos. A expertise que conquistamos na criação de receita recorrente a partir de uma nova solução, no nosso caso kit de receitas, hoje é uma das jornadas de produto que oferecemos para as marcas.
Esse spin-off, pode parecer uma mudança total de negócio? Não, necessariamente. Se um spin-off é derivado, ele parte do mesmo lugar, ou seja, do mesmo core business. E é isso que estamos vivenciando: uma nova etapa em um caminho de tecnologia que foi definido desde o começo. Trabalhar com startups e fazê-las crescer exige dinamismo e foco.
É necessário concentrar sua atenção em uma solução e testar rápido, medir e aprender, mesmo que não escale imediatamente. Toda tentativa traz aprendizados valiosos, e então pode ser a hora de testar de novo. Não importa realmente quantas curvas aconteçam ao longo do tempo, o objetivo está lá e você está andando (ou correndo) em direção a ele. As mudanças e aperfeiçoamentos no caminho são apenas parte da jornada.
Por fim, entendo que spin-offs são uma possibilidade de explorar novas oportunidades de negócios e, muitas vezes, revelam que o verdadeiro propósito da empresa, aquilo que está alinhado ao “core business” e estava “oculto”. E agora nessa nova fase, nossa tecnologia vai ser determinante para capturarmos valor no mercado.