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Startups de educação podem transformar o Brasil: desde que enfrentem os desafios certos

Com dados, impacto e integração, startups de educação podem transformar o sistema público, diz Danilo Yoneshige, CEO da Layers Education

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Startups de educação podem transformar o acesso ao aprendizado quando combinam tecnologia inteligente, foco pedagógico e inclusão digital | Imagem gerada com IA
Startups de educação podem transformar o acesso ao aprendizado quando combinam tecnologia inteligente, foco pedagógico e inclusão digital | Imagem gerada com IA

*Por Danilo Yoneshige, CEO da Layers Education

Há um espaço aberto e estratégico para startups de educação no Brasil, não apenas como fornecedoras de soluções tecnológicas, mas como parceiras na reconstrução das bases do sistema educacional público e privado. Em um país onde 3,6 milhões de estudantes ainda estão excluídos digitalmente e apenas 22% da população tem acesso considerado “significativo” à internet (CETIC.br), a inovação educacional exige que startups de educação atuem sobre infraestrutura, dados e impacto.

O potencial está posto. Existem mais de 226 tipos de tecnologias educacionais disponíveis no Brasil hoje, segundo mapeamento da Grant Thornton. Isso mostra a criatividade do ecossistema, mas também evidencia o desafio: falta integração, interoperabilidade e padronização de dados para que essas soluções funcionem de maneira coordenada. É justamente nesse vazio que as startups de educação podem crescer e fazer a diferença.

Soluções que reduzem custos e potencializam dados

O Brasil precisa de startups de educação que atuem como ponte entre plataformas e políticas públicas, entre inovação e contexto local. Precisam reduzir custos operacionais e padronizar a estrutura de dados em redes privadas e públicas. Em um ambiente onde cada nova plataforma representa um custo de desenvolvimento e duplicação de dados, esse tipo de solução é vital para destravar o uso inteligente de tecnologia em larga escala.

Ao mesmo tempo, precisamos olhar para o impacto pedagógico. A Khan Academy, organização sem fins lucrativos com atuação global, mostrou que alunos que usaram a plataforma 30 minutos por semana e dominaram 60 habilidades apresentaram até 30% mais proficiência em matemática. Mas isso não acontece por mágica: exige professores capacitados, infraestrutura funcional e intencionalidade na aplicação.

A hora de escalar com consistência é agora

A boa notícia é que o mercado brasileiro está mais maduro. As redes públicas já aprenderam a diferenciar promessas tecnológicas de soluções que realmente funcionam. Isso abre espaço para uma nova geração de startups de educação que desejam escalar com consistência. Mais do que nunca, é preciso desenhar soluções que conversem com a realidade de uma escola pública que ainda enfrenta limitações básicas desde a conectividade até a formação docente.

Algumas iniciativas do ecossistema vêm combinando capital filantrópico, conexão com investidores e suporte técnico para apoiar startups na superação dos desafios reais da educação básica. O foco vai desde matemática até suporte a professores, com soluções em avaliação automatizada e tutoria personalizada. São tecnologias que corrigem provas, geram planos de aula e oferecem feedback em tempo real, aliviando a carga dos docentes e liberando tempo para o que mais importa: ensinar.

Inovação como meio para um Brasil mais justo

O momento é agora. O Plano Nacional de Educação Digital prevê R$ 4 bilhões em investimentos até 2028. A governança de dados está em pauta, e a interoperabilidade ganha espaço nos fóruns de discussão. A transformação não virá de uma só empresa, mas de um ecossistema articulado de soluções escaláveis, éticas e sensíveis às realidades brasileiras.

As startups de educação do futuro serão aquelas que entendem que inovação não é fim, é meio. Meio para reduzir desigualdades, apoiar professores e garantir que cada estudante, independentemente de onde esteja, tenha a chance de aprender mais e melhor. E o Brasil precisa de muitas delas.