*Por Daniel Pisano, cofundador da Vurdere
Interrompendo o contínuo crescimento desde 2015 e o período de bonança no setor das startups entre 2020 e 2022, o ano de 2023 foi o mais fraco para obtenção de investimentos em capital de risco dos últimos oito anos. Segundo a Bloomberg Línea, a captação do ano passado foi cerca de 60% menor do que 2022 e até 77% mais baixa do que em 2021.
A alta da taxa de juros e os conflitos políticos globais são alguns dos principais motivos para a escassez de dinheiro nos setores ligados à inovação, que afeta quase 13 mil startups brasileiras, segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups). E, seguindo a queda nas captações, o ano de 2024 ainda será um período de maior demanda do que de oferta de investidores e venture builders.
Como as startups podem se preparar?
Neste sentido, startups que buscam investimentos, seja em rodadas iniciais (pré-seed e seed), como em mais avançadas (séries A, B, C), precisam estar preparadas para encantar fundos capitalistas. Antes de buscar capital, é preciso se dedicar à pesquisa e ao desenvolvimento do produto ou serviço, assegurando sua diferenciação e validação no mercado. Para isso, a colaboração com clientes iniciais pode ajudar a acessar grande número de usuários, testemunhando e validando a solução. Assim, será necessária boa dose de pragmatismo, atenção aos processos primários e secundários, rigoroso controle do fluxo de caixa, objetivos bem definidos e realistas para demonstrar crescimento sustentável e impressionar o mercado em 2024.
Foco no cliente e na inovação
Lembre-se de colocar seus clientes no centro de tudo o que faz, o trabalho de uma equipe de alta performance, dedicada a construir relacionamentos sólidos. É importante demonstrar soluções inovadoras e as características diferenciais que o negócio possui e como elas podem ser convertidas em resultados positivos, lucrativos. Ademais, capacidade de inovação constante, foco no cliente, cultura internacional e liderança apaixonada são indispensáveis para um jornada bem sucedida no desafiador ambiente do empreendedorismo.
Cultura organizacional internacionalizada e parcerias
Além disso, a adaptação da sua oferta às necessidades do mercado pode refletir em um baixo churn e altos índices de NPS, elementos fundamentais para atrair investimentos. Após as rodadas iniciais, as startups, por exemplo, devem focar em consolidar sua estrutura global, melhorar processos e buscar expansão ainda maior. É aconselhável focar em parcerias estratégicas e vendas internacionais, sustentadas por equipes locais e canais de distribuição bem definidos. Para isso, o desenvolvimento de uma cultura empresarial internacional, enraizada na desejada diversidade e experiência global dos fundadores, pode ser fundamental para posicionar a empresa como um player internacional e atrair investimentos para expandir em mercados com moedas fortes e consolidar sua presença global.
Finalmente, a paixão pelo empreendedorismo e o comprometimento dos líderes das startups com a visão do negócio geram uma energia positiva que fomenta resiliência e habilidade na resolução de problemas, atributos valiosos para o processo de captação de recursos não somente financeiros, mas também os melhores talentos.