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Turbulência à vista: como pilotar um negócio em meio à tempestade?

Taeli Klaumann, CFO da Conta Simples: vem turbulência aí
Taeli Klaumann, CFO da Conta Simples: vem turbulência aí | Divulgação/Gladstone Campos

*Por Taeli Klaumann, CFO da Conta Simples

Apertem os cintos… vem turbulência aí! Com a expectativa de inflação e juros mais elevados em todo o mundo, o ano de 2025 promete ser bastante desafiador para quem empreende. A situação é ainda mais preocupante aqui no Brasil, já que incertezas fiscais fazem o Banco Central brasileiro avançar em um novo ciclo agudo de altas da taxa básica, como sinalizado pelo aumento da Selic na última reunião do Copom. Os primeiros sinais de corte na taxa de juros nos Estados Unidos mostram ainda que o descompasso da política monetária local com a de potências econômicas globais tende a se agravar.

Traduzindo do “economês”, vai ser preciso um esforço maior para ampliar as margens e manter o mesmo ritmo de crescimento dos negócios por aqui — o que faz com que a eficiência operacional e a gestão estratégica das despesas corporativas sejam decisivas para o sucesso de uma empresa. Será fundamental um ajuste fino na rota de voo, e a análises de custos em dólar e juros altos precisa estar na agenda dos empresários e diretores financeiros. Tudo isso compõe um cenário especialmente difícil para o grupo de pequenas e médias empresas que operam com margens mais apertadas, são importadoras de insumos e dependem do capital de terceiro para manter ou expandir seus negócios.

Com menos recursos, esses negócios não dispõem do mesmo prazo para lidar com problemas na operação, benefícios fiscais ou o apoio de grandes bancos. É como voar num turboélice: quanto menor, mais chacoalha. Nos últimos anos, plataformas como a Conta Simples têm tentado mudar essa realidade, dando mais acesso e suporte a essas empresas. 

Em períodos como esse, de bastante pressão econômica, é fundamental notar os primeiros sinais de alerta no painel de controle e reverter o que não vai bem com agilidade e precisão. Com os juros  podendo chegar a 14,25% ao ano ainda no primeiro semestre de 2025, como previsto pelo próprio Comitê de Política Monetária (Copom), mesmo um erro pequeno de cálculo da empresa pode levar ao endividamento ou até a uma situação mais crítica de insolvência.

Apesar desse cenário de turbulência, não é motivo e nem o momento de entrar em pane. A ideia é acompanhar a contabilidade da empresa um pouco mais de perto, não só para cortar custos, substituir custos em dólar por custos em real, mas para descobrir oportunidades. Quem tem mais horas de voo sabe que o fluxo de caixa tende a mudar significativamente com o aumento da despesa financeira — e muito empreendedor só percebe quando o problema toma uma proporção maior. Infelizmente o custo para pagar as dívidas “mata” uma parte do que a empresa consegue lucrar com seu negócio.

Esse hiato na gestão acontece porque, lamentavelmente, boa parte dos negócios no país ainda depende de planilhas ou, pior, de cadernetas físicas, sistemas que mascaram os gargalos e atrasam decisões. A principal razão para isso é a desatualização dos dados — uma defasagem de dias, na era digital, já é muita coisa. Afinal, é como se a equipe executiva pudesse ver apenas uma foto da situação financeira e não um vídeo ao vivo do que está acontecendo no caixa. Ou, para me manter fiel à analogia, é como pilotar com compasso e mapa, quando poderia dispor de um GPS de última geração.

Assim como voar, comandar uma empresa já não precisa mais ser um processo manual. Se o piloto automático evita uma série de falhas humanas durante o voo, nas finanças corporativas, funciona da mesma forma. Quem não conta com uma plataforma de automação de transações financeiras e movimentação de conta corrente, não só perde tempo e dinheiro com processos burocráticos e morosos, mas abre brecha para o erro.

A implementação de tecnologia, na verdade, precisa ser integrada e transversal. Como um piloto que precisa se comunicar com a torre de comando, seus passageiros e tripulação, o administrador do futuro sabe acompanhar o que cada time está desempenhando e qual o resultado final de cada projeto, se as metas estão sendo alcançadas. Daí a importância de contar com um software preciso e facilmente integrável aos sistemas de ERP, além de dispor de ferramentas para o dia a dia, como cartões de crédito corporativo e meios de pagamento atualizados.

Diante da volatilidade macroeconômica, é imprescindível adotar uma visão estratégica, e não apenas reativa, na gestão do negócio. Sem querer repetir o que todo empreendedor já sabe, realmente acredito que na crise é que aparecem as melhores oportunidades. Mas só para quem tem alguma visibilidade do que está acontecendo, tanto dentro como fora da empresa. E fica difícil fazer isso sem uma gestão integrada da operação, uma decolagem na neblina.