Big Techs

Crash das big techs é sinal de "acerto de contas" na IA, dizem experts

Segunda de pânico entre os investidores afetou em cheio empresas do hype da IA, como Nvidia, Microsoft e Apple

Bear Market
Bear Market. Foto: Canva

No último ano, em meio ao hype da inteligência artificial, apostar em big techs como Microsoft, Meta, Google e Nvidia foi uma estratégia mais do que rentável – mas que foi criticada por muitos sobre o quanto conseguiria se sustentar. O pânico dos investidores depois do crash na Bolsa de Tóquio foi o catalisador de uma correção que já se esboçava no último mês.

Nesta segunda (05), as big techs no centro do boom da IA enfrentaram uma liquidação em larga escala, à medida em que o risco de recessão nos EUA colocou até os ativos mais quentes do ano em cheque. Empresas como Nvidia, Apple e Microsoft, sofreram quedas.

Aliás, a empresa de chips de IA de Jensen Huang caiu mais de 5% nas negociações do final da manhã. Só no último mês, a empresa teve uma queda tão astronômica quanto sua subida recente. Depois de chegar a ser a empresa mais valiosa do mundo em junho, ela perdeu quase 20% do seu valor nas últimas semanas.

Os papéis da Apple cairam mais de 3%, o que foi impulsionado também pelo fato da Berkshire Hathaway – de Warren Buffett – ter vendido quase metade de sua participação na empresa, e investido tudo em títulos do tesouro – um movimento indicativo de que vivemos um momento pouco favorável para investir em ativos de risco.

Segundo analistas, outro sinal do esfriamento do hype com IA tem a ver com o próximo chip top de linha da Nvidia, o Blackwell B200, que teve seu início de produção adiado para o último trimestre de 2024. Conforme afirmaram experts do mercado ao site The Information, isso é ruim para Meta, Google e Microsoft, que já tinham feito pedidos massivos do poderoso novo chip.

Enquanto isso, segundo reportou o Financial Times na semana passada, outros fundos como o Elliott Management tem divulgado a seus investidores que a Nvidia está “superestimada”, colocando uma pitada a mais de incerteza na história toda.

Ah, e vale lembrar que só em julho as Sete Magníficas – grupo formado por Apple, Microsoft, Nvidia, Alphabet (Google), Amazon, Meta e Tesla – perderam US$ 364 bilhões em valor de mercado em julho, segundo levantamento do consultor Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria, feito com exclusividade para o Startups.

Por outro lado, tem gente confiante que o banho de sangue – com S&P caindo 2,5% e Nasdaq caindo 3,6% nesta segunda – vai passar e o “bonde da IA” vai continuar subindo a ladeira. Em uma nota, a economista sênior de mercados da Capital Economics, Diana Iovanel, disse que o rali das ações deve ser retomado.

“Os novos temores de uma recessão nos EUA aumentaram as chances de cortes adicionais nas taxas pelo Fed”, ela escreveu. “Mas não achamos que a economia dos EUA ficará no caminho de um rali de ações por muito mais tempo”, destaca.

As avaliações de ações não estão nem perto de indicar um “cataclismo econômico”, e os spreads de crédito ainda estão perto de mínimas recordes, ela acrescentou. A Capital Economics vê o Fed cortando as taxas em cada reunião de setembro até julho do ano que vem, diminuindo as chances de uma recessão e possibilitando até um crescimento econômico após um período fraco no segundo semestre deste ano.

“Portanto, não esperamos que o sentimento de risco se deteriore muito mais”, ela disse. “O resultado é que duvidamos que a economia fique muito no caminho da bolha alimentada por IA ganhando força novamente em breve”, finaliza.