A IBM entrou no olho do furacão nesta quarta (06), após uma listagem de emprego em que colocou na descrição uma condição no mínimo inusitada: na oportunidade a multinacional afirmou que não contrataria pessoas residentes em Minas Gerais para a vaga.
“Regras para a inscrição: não é permitida a inscrição de residentes de Minas Gerais (qualquer cidade), ainda que a posição seja remota. Isso porque, para esta vaga e por questões institucionais, a IBM não contratará pessoas que residam em MG”, diz a cláusula.
Foi o estopim para a revolta de vários profissionais de TI, que levaram sua indignação com a big tech às redes sociais. “Chocado com esse lance da IBM não contratar profissionais de TI de Minas Gerais. O que custa uma empresa que fatura BILHÕES pagar os benefícios né?”, afirmou um usuário do Twitter.
“O link da vaga da IBM ao qual eu tive acesso estava disponível no Typeform da Trybe, que estava intermediando as contratações. O print abaixo foi tirado hoje. Claro que já retiraram isso do forms depois da repercussão”, afirmou Laura Oliveira, analista e influencer do mercado de RH, em seu perfil no LinkedIn.
Outros até apelaram para o bom humor, uma prática costumeira na rede social de seu Elon Musk. “Todo mundo sabe que IBM quer dizer International, But not Minas Gerais”, brincou outro usuário. Teve também quem compartilhou a imagem de um brinde dado recentemente pela multinacional aos seus funcionários, com os dizeres “Não se irrite. Resolva”.
Em resposta ao Startups, a IBM não desmentiu o teor do anúncio, enviando apenas a seguinte nota: “A IBM Brasil opera e contrata em diferentes localidades do Brasil, incluindo Minas Gerais. Nós permanecemos comprometidos com nossas operações em Minas Gerais e continuamos recrutando nesse estado”, afirmou a multinacional, em comunicado.
Com a palavra, o sindicato
Entretanto, quem levou a cláusula da IBM bastante a sério foi o sindicato Sindpd de São Paulo, que se pronunciou comentando a celeuma e deu suas razões para o caso. Segundo a organização, recentemente a IBM perdeu uma causa coletiva na Justiça mineira, que enquadrou a multinacional como uma empresa de TI no estado, obrigando-a a pagar em cargos de acordo com sua designação, inclusive retroativos.
É um arranjo bastante diferente do que a IBM tem em São Paulo. Apesar de ser uma companhia de TI, em terras paulistas ela se autodeclara como uma empresa de bens e serviços, com condições distintas às que são previstas na convenção coletiva para trabalhadores do setor de tecnologia. É um arranjo também aplicado por outras empresas grandes do setor, como a Proxy e KYNDRYL.
“Além de uma jornada reduzida para 40h, temos um auxílio creche muito maior, diferenças nas horas extras, complemento previdenciário, plano de saúde… entre inúmeros benefícios, além da obrigatoriedade da negociação de PLR”, afirma o sindicato paulista.
Em São Paulo, essa já é uma encrenca antiga – inclusive, em 2013, um grupo de mil trabalhadores da IBM em São Paulo e Hortolândia chegaram a assinar um abaixo-assinado pedindo a mudança do enquadramento da companhia, mas o plano não foi adiante. Já em Minas, o jogo mudou, já que em março deste ano a justiça decidiu em favor dos funcionários.
Atualmente no Brasil a IBM conta com cerca de 17 mil colaboradores, segundo informações do site 99Jobs. Globalmente, a centenária companhia conta com cerca de 425 mil colaboradores, em 170 países.