Junior Borneli, da StartSe, durante o Zoop Summit 2025 | Foto: divulgação
Junior Borneli, da StartSe, durante o Zoop Summit 2025 | Foto: divulgação

Reed Hastings, CEO e fundador da Netflix, disse certa vez que os grandes concorrentes da plataforma de streaming não eram plataformas de streaming, mas a indústria do entretenimento. Ele não estava desconsiderando os competidores do seu mercado core, mas ele, já sendo dominante, entendeu que a dinâmica do mercado estava mudando para algo que hoje é cada vez mais claro: as empresas atuam em muitos mercados e de diferentes maneiras – seja digital, física, ou ambas.

Esse pensamento também foi algo exemplificado pela fala de Junior Borneli, fundador e CEO StartSe, durante a apresentação “Economia do futuro na era dos pagamentos mobile”, no Zoop Summit. “Antigamente, bancos interagiam com bancos, farmácias com farmácias, mas, hoje, todo mundo faz um pouco de tudo”, disse.

Para Borneli, um dos grandes feitos para empresas que querem se manter relevantes por muito tempo é entender que essa barreira entre setores foi quebrada e, para aprender a navegar de forma mais assertiva, é preciso ver a cronologia da inovação para além dos muros da própria indústria, como algo que ele chamou de “geografia temporal”.

Para exemplificar, ele mostrou um mapa do mundo com lugares que são pólos de criação de tecnologia, como Vale do Silício, China, Israel, Estônia. “Esses lugares são onde vemos um pedaço de futuro, de onde temos que tentar captar sinais e trazer isso para dentro do nosso negócio, garantindo a nossa relevância”, disse ele.

Assim, é possível usar as transformações como um guia para navegar de forma mais assertiva. “O futuro sempre dá sinais, e precisamos criar a capacidade lógica de olhá-lo sob uma perspectiva diferente do que sempre foi”, afirmou. “É entender as tecnologias e se preparar para oportunidades, ou para se proteger do risco que vem de fora.”

Para bons observadores, portanto, não é necessário passar por toda a linha temporal – passado, presente e futuro – para desenvolver. Pode-se cortar o caminho observando quem já teve a experiência. “Eu posso seguir os passos de quem já está no futuro, ou posso aproveitar e dar um salto, sem precisar percorrer tudo”.

Ele usou como exemplo os carros autônomos: para nós, coisa do futuro; para os Estados Unidos, o presente. E isso acontece também quando olhamos o setor de pagamentos. Nesse sentido, Borneli posiciona o Brasil como futuro. “Basta olhar o Pix: olha quanta tecnologia desenvolvemos nele”.

Cliente no centro

Da mesma forma que setores se misturam, no mundo onde ecossistemas comandam, o cliente também passa a não ter setor. “Vence o jogo quem tem o cliente, quem entregar uma boa comunicação, quem se tornar uma marca respeitável”, explicou Junior.

Independentemente de tecnologias, o consumidor como centro do negócio continua sendo a máxima e, portanto, também é preciso pensar em comportamento de consumo quando se fala de futuro.

“Esquecemos que vivemos em um mundo onde a transição geracional nunca foi tão relevante e marcante quanto agora. Temos seis gerações coexistindo”, observou Junior, ressaltando que padrões de consumo e poder de compra também estão cada vez mais diferentes do que foi no passado.

“O iPhone fez 18 anos agora, o que significa que há uma geração inteira que nasceu depois. São 2 bilhões de pessoas que jamais vão pedir comida sem ser pelo celular, jamais marcarão consultas médicas que não pelo celular. São pessoas que não querem ter carro como nós queríamos quando completássemos 18 anos e que vão olhar diferente pra tudo o que a gente sempre fez”.

Nesse contexto, criar soluções de pagamentos aderentes à nova era de consumo e ao novo momento são pontos nevrálgicos. “Entender padrões é essencial para negócios serem mais relevantes e, mais do que isso, continuarem úteis e possíveis”.

De mobile-first para AI-first

Anteriormente, as previsões apontavam para um caminho inevitavelmente desembocaria nos chamados SuperApps. Gigantes como a China fizeram um trabalho exemplar nesse quesito com WeChat e Alipay.

Mas, com a chegada da Inteligência Artificial embarcada em praticamente tudo, e a mudança de comportamento do consumidor que quer facilidade em tudo, o futuro agora aponta para negócios AI-first.

“É o ChatGPTudo”, brincou Junior. “Agora, entramos na era do algoritmo, em que eu quero isso e aquilo dentro do contexto da conversa.”

Ele usa como exemplo o Walmart, maior varejistas do mundo, que decidiu colocar todo o inventário da empresa dentro do ChatGPT e, mais do que permitir que o usuário compre produtos, ele passou a também interagir com necessidades imediatas: o usuário pode não apenas clicar e comprar os ingredientes necessários para a receita, mas também recebe os passos para aprender como fazer – tudo dentro do ecossistema móvel da varejista.

Assim, como salienta o executivo, aquele futuro dos SuperApps que uma vez parecia ser certo talvez nem chegue para nós. “Vamos pular essa etapa e ter a chance de construir esse futuro da IA.”

Interessado em aumentar a conversão dos seus clientes? Entre em contato com a Zoop para oferecer Tap to Pay e Pix por aproximação em seu negócio.