
O Google Cloud, divisão de negócios do Google com foco na computação em nuvem, escolheu a capital baiana para dar seguimento à expansão nacional do seu programa Startup Hub, que tem como objetivo capacitar startups em estágio inicial e desenvolvedores com tecnologias de ponta. Em um evento que começou hoje (25) no bairro do Comércio, no centro histórico de Salvador, a gigante de tecnologia promoveu palestras e demonstrações de suas ferramentas de IA, como o Gemini Enterprise, plataforma voltada a empresas. O evento segue até amanhã (26), onde os participantes passarão por treinamentos mais específicos.
Os eventos chamados de Hub Pop-Up surgiram em 2024, em São Paulo, como uma forma de aproximar as tecnologias do Google da comunidade empreendedora local. Depois, foram realizadas edições em Belo Horizonte, Recife e Curitiba. De acordo com Izabelle Macedo, diretora de marketing do Google Cloud para América Latina, a iniciativa visa fomentar a inovação para além do eixo Rio-São Paulo. “Mais do que só realizar treinamentos, o programa busca se conectar com o ecossistema de inovação local, entender suas dores e fomentar o networking”, diz a executiva.
Com 4.661 startups, a região Nordeste desponta como um grande celeiro de inovação em tecnologia, sendo a segunda maior região do país em número de startups, respondendo por 23,5% do total nacional; a Bahia é um dos motores desse crescimento, contando com 612 startups mapeadas, segundo o Sebrae Startups Report: Nordeste 2025. O Estado concentra 13,3% das startups nordestinas, atrás de Pernambuco (780 empresas), Ceará (672) e Piauí (617).
Créditos na nuvem
Um dos destaques do primeiro dia do evento foi a apresentação do Google for Startups Cloud Program, iniciativa que oferece entre US$2 mil e US$350 mil em créditos na nuvem para startups cujo modelo de negócios é baseado em IA. A gerente de escala de startups do Google Cloud, Suzan Soares, detalhou os pilares da iniciativa, que é baseada em crédito; mentorias de negócios; apoio técnico com engenheiros do Google e networking. “Esse menu, entregue dentro do programa de crédito, é para que os empreendedores se sintam 100% apoiados. A gente pega na mão de vocês mesmo”, afirmou.
O apoio fornecido pelo programa começa em startups early stage (que ainda não receberam capital semente nem passaram por iniciativas de aceleração) que podem se candidatar a créditos de até US$ 2 mil pelo período de um ano. Para startups em estágio intermediário de evolução, há a fase Ecosystem Tier, que oferece US$ 25 mil pelo período de dois anos; e o Launched & Scaling, com créditos de até US$ 100 mil por ano e, por fim, o apoio Premium, que pode chegar a US$ 350 mil, sendo US$ 250 mil no primeiro ano.
Para ser elegível ao Google for Startups Cloud Program, a startup deve ter até cinco anos de fundação e, caso tenha passado por algum investimento de venture capital, são consideradas empresas de até dez anos; é necessário ter um modelo de negócios SAAS escalável, ter recebimento investimento até série A; ter um e-mail corporativo com o mesmo domínio do site e um billing ID ativo, que é um ID de faturamento vinculado às soluções do programa.
A iniciativa do Google Cloud tem foco em empresas “IA native”, ou seja, que utilizam a IA generativa como base do seus modelos de negócios, e mira no universo de mais de 10 mil startups early stage que existem no Brasil. De acordo com Luciana Kochen, líder de parcerias em venture capital do Google Cloud, atualmente 58% dos recursos investidos globalmente em empresas iniciantes são direcionados para startups de IA. “Além disso, nove em cada dez líderes de negócios têm sentido na pele a dificuldade de contratar especialistas em IA, de modo que o investimento em capacitação está na linha de frente” disse.
Segundo a especialista, entre as tendências mais promissoras do uso de IA estão os agentes de IA autônomos, capazes de operar dentro dos sistemas, tomando decisões e executando processos sem a necessidade de ação humana direta. Outra tendência é a IA multimodal, que processa simultaneamente dados de diferentes tipos, como áudio, vídeo, texto e imagens. Usos mais abrangentes da IA, voltados à experiência do cliente e prevenção de riscos cibernéticos, também seguem em alta.