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Boa tarde,

Vocês pediram, então toma. Os IPOs de empresas de tecnologia estão aí e parece que não vão embora tão cedo. Além dos 5 que já aconteceram, mais 3 entraram na fila: DotzPrivalia e GetNinjas. E viva a liquidez dos mercados – que está na ordem de US$ 15 trilhões globalmente. A ver até quanto tempo essa bonança ainda vai durar.

A semana passada trouxe a aprovação do Marco Legal das Startups pelo Senado. O projeto, que caminhava em Brasília há 3 anos, voltou para a Câmara e depois irá para sanção presidencial. Muita gente não achou o texto tão legal assim porque ficaram de fora itens considerados fundamentais para fazer o mercado avançar. Será que vai virar uma daquelas leis que não pega?

Também rolaram rodadas de centenas de milhões de reais nas fintechs RecargaPay e Trademaster e na healthtech 3778 e o IPO da Alpha Capital, o SPAC da Innova Capital e do FJ Labs, que conta também com o fundador da Qualcomm, Dr. Irwin Jacobs, como um dos apoiadores – sobre o qual você leu primeiro aqui no Startups. 

Boa leitura e boa semana.

Gustavo Brigatto
Fundador e Editor-Chefe


                       SEMANA DE 22 a 26 de FEVEREIRO


IPO DA GETNINJAS

Na saída para o fim de semana, a GetNinjas resolveu entregar na CVM o seu pedido de IPO. Por se tratar de um prospecto preliminar, o material não traz detalhes da oferta em si. Mas traz informações sobre o desempenho da companhia.

Criada em 2012 por Eduardo L´Hotellier, a GetNinjas tem 130 funcionários e fechou 2020 com receita operacional líquida de R$ 42 milhões, quase o dobro dos R$ 22 milhões registrados em 2019. Em 2018, o total tinha sido de R$ 13,4 milhões.

Além do GetNinjasDotzPrivalia e LG Informática estão na fila para fazerem seus IPOs em 2021.

Tá, mas e daí?

A festa continua. Vamos ver por quanto tempo já que os temores de inflação e aumento de juros começam a entrar no radar dos investidores. Mas enquanto isso, bora aproveitar.

A GetNinjas não criou uma operação tão gigantesca em 8 anos, mas certamente tem uma possibilidade de crescimento grande dentro do conceito de gig economy e marketplace. Ela pode até fechar a cartela do bingo corporativo ao incluir em sua rota de crescimento a oferta de serviços financeiros para os profissionais cadastrados na plataforma e… virar fintech! BINGO!

O prospecto preliminar não dá detalhes se haverá secundária, ou lotes suplementares na oferta. Mas considerando os recentes IPOs das empresas de tecnologia na B3, é de se imaginar que a companhia pode levantar entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões.


MARCO, LEGAL?

Depois de 3 anos em discussão, o Marco Legal das Startups foi aprovado nesta semana. Mas o que era para ser comemorado como uma grande vitória, uma agenda positiva, acabou se tornando uma chance perdida para boa parte do mercado.

Isso porque o texto que saiu do Senado deixou de fora aspectos considerados prioritários: a regulamentação das opções de ações (stock options), e a possibilidade de enquadramento como Sociedade Anônima (S/A) no Simples Nacional.

A avaliação é que os itens aprovados são sim importante para o setor, mas não causam as mudanças profundas e de melhoria nas condições para criação de novas empresas que se esperava. Além disso, colocar em discussão novamente os temas que ficaram de fora exigirá articulação e, certamente, mais alguns anos de discussões.

Tá, mas e daí?

Não dá pra dizer que o marco não vai pegar como acontece com muitas leis. Ele traz mecanismos interessantes como mais clareza nos processos de venda ao governo. Mas certamente seu efeito não será tão revolucionário como o que vinha se pregando nos últimos 3 anos.


RODADAS DE INVESTIMENTO

  • RecargaPay fechou uma série C de R$ 385 milhões (US$ 70 milhões). O aporte foi co-liderado pela IDC Ventures e pela Fuel Venture Capital, e contou com a participação da ATWLUN Partners e Experian. A companhia disse que os novos recursos serão investidos na expansão de suas ofertas de serviços financeiros para pequenas empresas e consumidores, incluindo o desenvolvimento de seu popular programa de assinatura, o Prime+. O anúncio veio dias depois de o PicPay avisar que contratou o BTG para coordenar seu IPO, que pode ser na Nasdaq, ou na B3. Tem gente, aliás, falando que essa oferta pode superar a do PagSeguro, em 2018, que levantou US$ 2,3 bilhões na Nasdaq. O PicPay também anunciou a contratação de Rômulo Dias, que era do PagSeguro;
  • A fintech Trademaster, que atua com crédito para pequenos varejistas, fechou uma rodada de investimento de R$ 100 milhões com o banco BV. Com os recursos, a companhia pretende investir em novos produtos e serviços e na customização de suas ofertas.
  • Um grupo de investidores que inclui nomes como Jorge Paulo Lemann e Randal Zanetti (fundador da Odontoprev), está aportando R$ 200 milhões na healthtech 3778 para criar uma nova operadora de saúde para atender empresas – o Grupo 3778.  Parte do investimento foi usado para comprar a TEG Saúde, empresa que oferece programas corporativos de atenção primária saúde e gestão de profissionais afastados do trabalho e o Grupo Implus, que inclui o Imtep, gestor de ambulatórios corporativos, e a Implus Care, que oferece programas de qualidade de vida e prevenção. Com isso, a nova companhia nasce com um portfólio de 1,13 milhão de clientes e 2 mil funcionários, divididos em 700 cidades.
  • A empresa de segurança brasileira Sikur abriu uma rodada pública de investimento pre-IPO. A companhia, que recentemente se estabeleceu na França e faz parte de um programa de pre-IPO da Euronext, está em busca de US$ 1,5 milhão, com valuation pre-money de US$ 30 milhões. O aporte mínimo é de US$ 10 mil.

NOVOS FUNDOS

  • Alpha Capital, SPAC patrocinado pela Innova Capital, pela FJ Labs e pelo Dr. Irwin Jacobs, fundador da Qualcomm, finalizou sua listagem na Nasdaq. O veículo levantou US$ 230 milhões para investir em empresas de tecnologia com valuation entre US$ 600 milhões e US$ 1,5 bilhão na América Latina – um grupo formado por cerca de 20 empresas, segundo o prospecto do IPO da companhia;
  • XP Asset está pedindo à CVM o registro de um novo fundo de fundos focado em private equity e venture capital, o XP Selection Alternativo. A ideia é captar R$ 1 bilhão com investidores qualificados – que têm mais de R$ 1 milhão para investir;
  • Depois de concluir a venda do Zap para a OLX, e de criar o programa de capacitação para empreendedores Latitud, Brian Requarth está montando um novo fundo para investir em startups na América Latina. A ideia do Latitud Fund é atuar na fase pré-seed, com cheques de US$ 25 mil a US$ 250 mil. A ideia é ter uma carteira de 30 a 50 investimentos. Requarth já fez 50 investimentos como anjo, que não serão integrados a esse portfólio.

AQUISIÇÕES

  • Dois meses depois de entrar na B3, o Méliuz fez sua primeira aquisição. O alvo foi a polonesa Picodi. O valor da operação foi de R$ 120 milhões por 51% da companhia (com opção de compra do percentual restante. O montante combinado é quase metade dos R$ 300 milhões que a Méliuz colocou em seu caixa com o IPO. A ideia é que a Picodi atue como o braço internacional da companhia brasileira. Ela tem 4 milhões de usuários cadastrados, opera em 19 línguas diferentes e atua como uma plataforma de promoções e cupons de descontos, sem ainda oferecer cashback. O Méliuz tem cerca de 14 milhões de contas abertas e 5,3 milhões de ativas nos últimos 12 meses;
  • AT&T chegou a um acordo com o fundo de private equity TPG Global para vender 30% de uma nova empresa que irá administrar seus serviços de vídeo, como a Directv. Pelo acordo, a nova companhia terá um valor de US$ 16,25 bilhões. Bem menos que os US$ 48,5 bilhões que a AT&T pagou pela Directv em 2015.

EINSTEIN ACEITA ALICE

  • A healthtech Alice – aquela, do plano de saúde que não quer ser plano de saúde – incluiu o Einstein entre os hospitais de sua rede. O anúncio vem depois de a companhia anunciar uma rodada série B de US$ 33 milhões. A expectativa é fechar o ano com 5 mil clientes. Até o começo de fevereiro eram 1,1 mil.

KINEA E OS MILHÕES DO ITAÚ

  • O investimento da Kinea na Monkey Exchange foi o primeiro dos R$ 150 milhões destinados pelo Itaú para seu fundo de corporate venture capital. Nos próximos meses, de 3 a 6 novas operações serão anunciadas, atingindo os objetivos traçados para este primeiro veículo (4 a 7 investimentos).

NOVA OPÇÃO DE CONTA NO EXTERIOR

  • A americana Usend aterrizou no Brasil com a sua conta internacional, acirrando a competição com AvenueNomadC6 e BS2 por essa modalidade.

ROXINHO NA CARTERIA DO GOOGLE

  • Em seu movimento de ampliação de portfólio, o Nubank anunciou o lançamento de um seguro de vida. O Nubank Vida é “simples, acessível, fácil de usar e que deixa você totalmente no controle”, segundo a companhia. As coberturas podem ir de R$ 25 mil a R$ 150 mil e inclui assistência funeral extensível a cônjuge, filho e pais do/da titular)), além das opções de indenização por hospitalização e invalidez. A mensalidade fica entre R$ 7 e R$ 53. O neobank que está às vésperas de um IPO também disse que seus clientes poderão usar o cartão roxinho com a carteira virtual do Google, a Google Pay. Ainda sem informações sobre Apple Pay.

AS ESCOLHIDAS DA GB VENTURES

  • Três meses depois de anunciar a criação de seu programa de aceleração de startups, o Grupo Boticário apresentou as primeiras companhias que farão parte dele. Seis delas são dedicadas ao setor de beleza e apresentaram soluções de tecnologia em beautytech: BeautsBergamiaFeelHendrikMeu Q e Pura. Em retailtech foram duas: Flexsas e Minus. As outras cinco responderam os desafios em trendsetter: AxondataBe Beleza TechBeegolIntless e PulpoAr. O programa de aceleração terá duração de 6 meses. A seleção do GB Ventures recebeu 137 inscrições.

JUNTOS CHEGAREMOS LÁ (OU TENTAREMOS)

  • BR Distribuidora e a Lojas Americanas anunciaram uma joint venture para juntar a operação das lojas de conveniência BR Mania e das lojas Local. “Para a criação dessa sociedade, foi considerado um Enterprise Value de até R$ 995 milhões, que considera o aporte da Rede de Franquias BR Mania e das lojas Local. Além disso, a transação inclui um pagamento pela Americanas de até R$ 305 milhões, na forma de um aporte na nova empresa de aproximadamente R$ 252 milhões e um pagamento de até R$ 53 milhões de parcela variável à BR, com base em metas de performance. O objetivo é maximizar o desempenho operacional e financeiro dos negócios de conveniência Local e BR Mania, com base em metas de performance”. O anúncio aconteceu uma semana depois de Lojas Americanas e B2W anunciarem que costuram uma união de suas operações (passou da hora, né!).

DE MULHER PRA MULHER

  • Wayra, hub de inovação aberta da Vivo no Brasil, fará na semana que vem o Scale Up Women Week, uma semana especial para conexões e aprendizados entre mulheres do ecossistema de inovação – incluindo um painel com executivas do setor, oportunidade para startups com fundadoras realizarem pitch para a Wayra, além de  mais de 30 sessões individuais de mentoria com algumas das principais executivas líderes em startups. Todas as iniciativas são gratuitas. O cadastro pode ser feito até 05 de março pelo link: https://bit.ly/2ZWJru8.

IPO DE CRIPTO

  • Em mais um sinal de que o mundo das criptomoedas/criptoativos virou “coisa séria”, a exchange Coinbase entrou com pedido de IPO nos EUA, no que pode ser a maior abertura de capital de uma empresa de tecnologia nos EUA desde o Facebook (o chinês Kuaishou bateu essa marca globalmente em janeiro). A companhia, no entanto, não pretende fazer o tradicional processo de road show. A intenção da companhia é fazer uma listagem direta (como o Spotify fez e o Airbnb cogitou, mas acabou não fazendo). O Coinbase levantou US$ 525 milhões de fundos de venture capital e tem como principais investidores Andreessen HorowitzUnion Square VenturesRibbit Capital e Tiger Global.

ACORDO POLPUDO (MAS MENOR QUE O COMBINADO)

  • O fundador do WeWork, Adam Neumann, está próximo de um acordo com a SoftBank. Segundo o The Wall Street Journal, o executivo receberá US$ 500 milhões. É um valor expressivo, mas é metade do que ele teria direito inicialmente. O acordo faria parte de um plano de US$ 1,5 bilhão para recompra de ações de investidores e funcionários da companhia que abriria espaço para uma nova tentativa de fazer um IPO.

BREAKING NEWS

  • Uma semana depois de suspender o compartilhamento de notícias pelos australianos, o Facebook reestabeleceu essa opção. A companhia vai se sentar com o governo para definir como se dará a implantação da nova lei que exige o pagamento às empresas de mídia pelo conteúdo vinculado na rede social. O Google participará das tratativas, mas já tinha se antecipado à medida e começou a conversar com as empresas do setor sobre o novo formato de atuação.

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  • MIT Sloan Management Review (SMR) estará com seu conteúdo em inglês totalmente liberado entre os dias 2 e 4 de março.
  • Technology and Innovation Report 2021 da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), examina a possibilidade de tecnologias avançadas ampliarem as atuais desigualdades do mundo e também criarem novas.

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