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Founders têm que pensar em IA se quiserem investimento, dizem fundos

Investidores acreditam na multiplicação e refinamento dos modelos de IA nos próximos anos, beneficiando setores como finanças e saúde

Foto: Leandro Souza
Foto: Leandro Souza

*Leandro Souza viajou a Toronto a convite do Collision

Continuando a toada da IA que dá a tônica das discussões durante o Collision 2023, em Toronto, a conversa também chega aos VCs. Para representantes de fundos presentes na conferência, as startups que utilizam a inteligência artificial em suas soluções terão um olhar mais amigável na hora de assinar um cheque.

“Todos (os fundadores) têm que pensar em IA se querem buscar investimentos atualmente”, disparou Zach Bratun-Glennon, ex-Google que atualmente é partner na Gradient Ventures, fundo early stage norte-americano que investiu em nomes como Klara e Myst AI.

A declaração de Zach reflete um recente levantamento do PitchBook, que reportou um acentuado crescimento das posições de VCs em IA generativa, saltando de US$ 408 milhões, em 2018, para US$ 4,8 bilhões, em 2022. E isso não é apenas para empresas que já testaram suas soluções no mercado. Os investimentos no estágio semente mais do que triplicaram, chegando a US$ 358 milhões no ano passado.

É preciso cautela

Apesar da animação, os investidores deram as suas ressalvas para os founders que estão utilizando IA em seus modelos de negócio. De acordo com o sócio da Gradient, inteligência artificial é um meio e não o fim para um modelo de negócios. “Ela necessita de testes e avaliação de riscos, e hoje a IA ainda tem muito no lado do risco”, analisou.

Para exemplificar como determinados usos da inteligência artificial precisam ser testados com cautela, ele deu o exemplo dos carros autônomos. “Em San Francisco temos muitos carros sem motorista, mas ainda não é 100% eficiente, e a tecnologia existe há cerca de 10 anos”.

Apesar das ressalvas, os investidores acreditam que nos próximos anos veremos uma multiplicação e um refinamento dos modelos de IA, abrindo possibilidades em diversos outros setores, incluindo os mais sensíveis como finanças e saúde. “Ainda precisamos de modelos mais seguros, garantindo infraestruturas seguras para tratar informações mais sensíveis”, declarou Leigh Brasswell, sócia na Kleiner Perkins, conceituada gestora de VC de Menlo Park, no Vale do Silício.

Quanto ao mercado early stage, os painelistas se questionaram se as startups que já estão nascendo com IA como parte da solução (AI first) têm vantagem nessa busca por investimentos. Para a Contrary Ventures, fundo que já investiu em nomes como Zepto e DoorDash, a resposta é “não exatamente”.

“Estamos sim interessados em empresas que se apresentam como AI first, mas isso não quer dizer que empresas que já estão no mercado há algum tempo não tenham a possibilidade de repensar seus modelos utilizando inteligência artificial”, concluiu Will Brooks, sócio da Contrary.