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Além do hype: a real potência das deep techs

Foto: Canva
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Nos últimos anos, o termo “deep tech” tem ganhado popularidade no cenário de inovação e empreendedorismo. À medida que o mundo se torna cada vez mais dependente da tecnologia, torna-se crucial distinguir entre as diferentes categorias de startups.

Deep techs são empresas que baseiam suas soluções em avanços científicos e tecnológicos. Seu foco na resolução de problemas de alta complexidade muitas vezes, nos leva a dizer que as deep techs criam produtos baseados na “fronteira do conhecimento”. É aqui que encontramos tecnologias como robótica, blockchain, biotecnologia e a tão falada inteligência artificial.

Segundo o estudo da Wylinka com o Erick Cavalcante, que trata sobre o investimento em deep techs, essas empresas são parte de uma nova onda da inovação que compõem uma tríade: impacto, redução dos custos e atração de capital.

O impacto refere-se ao potencial de solucionar desafios socioeconômicos e ambientais significativos. Na área da Saúde, por exemplo, as deep techs estão trabalhando nos avanços em biotecnologia, genômica e dispositivos médicos avançados. Na energia, o foco está em desenvolver tecnologias sustentáveis e renováveis. Na agricultura e meio ambiente além, de uma agricultura que possa ser mais sustentável, já vemos diversas empresas desenvolvendo soluções para lidar com a mudança climática.

Além disso, a inteligência artificial e big data estão emergindo como ferramentas poderosas para aprimorar a tomada de decisão, aumentar a eficiência operacional e prevenção em vários setores.

Outra oportunidade é a queda nos custos de desenvolvimento. Os avanços tecnológicos estão tornando o desenvolvimento de várias soluções mais barato. Avanços em hardware e processamento, por exemplo, tornaram-se mais acessíveis. Isso torna mais viável para startups experimentarem e desenvolverem soluções sem a necessidade de grandes investimentos iniciais. A infraestrutura e os equipamentos também estão se tornando mais acessíveis devido a estruturas laboratoriais compartilhadas e kits de ferramentas, além de iniciativas de inovação aberta em todo o mundo.

O investimento nesse tipo de empresa também está aumentando. Devido à emergência global e o aumento da complexidade dos desafios em setores como saúde, clima e cibersegurança, o potencial de sucesso das soluções é alto e isso encorajou os investidores. Um estudo da BCG e a Hello Tomorrow apontam que entre 2016 e 2020 os investimentos em deep techs cresceram quatro vezes, de 15 bilhões de dólares para 60 bilhões de dólares.

A previsão é que este número cresça ainda mais chegando aos 200 bilhões de dólares em 2025. Na Europa, segundo dados da Comissão Europeia o segmento está avaliado em 700 bilhões de euros e hoje corresponde a 25% do todo o capital de risco (venture capital) da região.

No entanto, é importante reconhecer que as deep techs geralmente envolvem um grau de risco mais elevado em comparação com outras startups. Isso se deve a fatores como a necessidade de desenvolver habilidades empreendedoras no time fundador, o tempo dedicado à colaboração e parcerias estratégicas, além dos próprios desafios tecnológicos.

Não há dúvidas que as deep techs representam uma emocionante fronteira de inovação e tem o potencial de moldar o nosso futuro de maneiras que mal podemos imaginar. Os stakeholders devem abordar esta oportunidade com uma boa combinação de audácia e cautela, gerenciando os riscos e garantindo que o potencial de impacto seja realizado.