*Rodrigo Tognini, CEO e cofundador da Conta Simples
Neste mês estive presente na Brazil Week, em Nova York, evento que reúne grandes nomes do empresariado brasileiro, investidores e autoridades para discutir o futuro do nosso país. De forma geral, o foco principal das discussões é o contexto macroeconômico, tendências e oportunidades, mas esta edição foi muito além disso. Para mim, foi um verdadeiro chamado das lideranças à ação.
A mensagem central que ressoou na cidade americana é que estamos, de fato, no radar dos grandes players globais. Por um lado, a visão que emerge é a de um Brasil com uma série de desafios complexos e que precisam ser resolvidos com urgência. Por outro, há uma expectativa grande do potencial do país de formar líderes capacitados a inovar e dar lugar a empresas de impacto.
Tudo indica que estamos em um momento de renovar a ambição da nação brasileira e voltar com planos concretos de como, nós lideranças, podemos gerar transformação real e duradoura. Há setores e contextos que precisamos olhar com muita atenção para buscar soluções rápidas às suas dores, fortalecendo o ecossistema de inovação, empreendedorismo e negócios do país.
Importância da IA
A temática de IA (inteligência artificial) esteve presente em praticamente todas as conversas do evento. O poder transformador dessa tecnologia já está em curso no mercado global e vem se mostrando muito mais rápido do que podemos acompanhar no território nacional.
Dados levantados pela consultoria Bain & Company nos ajudam a entender melhor esse cenário: em um estudo realizado em cinco países, a empresa constatou que a demanda por profissionais com competências na área vem crescendo, em média, 21% ao ano; já outra pesquisa da companhia, feita no primeiro trimestre de 2025, alerta que 39% dos empresários brasileiros relatam que a principal dificuldade na incorporação da IA generativa no negócio é a lacuna interna de habilidades.
O Brasil está atrasado no tema e precisa acelerar. Essa tecnologia é um divisor de águas para o mercado, contribuindo para aumentar a produtividade e competitividade das empresas. Acreditar que por esse tema estar em alta, as evoluções e inovações aconteceram de forma natural, é um erro. É preciso intencionalidade, coragem e muita ação.
Obstáculos econômicos
Outro ponto levantado no evento foi a cautela do mercado. Internamente, juros elevados, inflação fora do eixo e incertezas políticas têm freado o apetite por risco. Além disso, a disputa comercial e de impostos entre China e Estados Unidos e a transição no governo americano gera ainda mais volatilidade ao cenário global.
Mesmo assim, há uma expectativa alta de retomada em dois a três anos — desde que mudanças aconteçam. A melhora da situação no país depende da implementação de ações que realmente estabilizem a economia e estimulem o crescimento. Sem dúvida a inovação que vem das startups influenciam nessa retomada e potencial de crescimento, porém é necessário um ambiente propício e favorável, do ponto de vista econômico e jurídico. O que nunca foi muito o ponto forte no Brasil.
Não adianta fugirmos dos obstáculos. Precisamos imergir nesse contexto desafiador e retirar o máximo de aprendizados para mudá-lo. Temos exemplos concretos de empreendedores e negócios que alcançaram sucesso internacional, como é o caso de Fabrício Bloisi, fundador da Movile e hoje CEO da Prosus, e que recebeu a homenagem Person of the Year. Mesmo em meio às adversidades e desafios, Fabrício mostrou que é possível colocar o Brasil num palco global como uma referência. Que sirva de exemplo e inspiração para todos.